Conformando-nos com o mundo

Está difícil. Tenho tentado me segurar, mas, por algum motivo, tenho pensado em escrever algumas coisas que nem sempre vão agradar a todos. Todavia, conforme tenho aprendido com meu pastor sênior, vou moderar com cautela minhas palavras para que eu não peque.

Eu não sou um cara velho. Sou casado, pai, obviamente trabalho e tenho alguns anos de caminhada com Deus. Porém, mesmo não sendo velho, lembro-me que, quando me converti, crente era um cara meio diferente, era fácil perceber um crente.

E, naquela época, eu me orgulhava pelo fato de que as pessoas não percebiam que eu era crente e pensava assim: “Que bom, estou conseguindo não passar aquele estereótipo careta que as pessoas tem dos crentes”. Pobre de mim, mal sabia eu que fazia parte de um movimento do qual hoje não me orgulho tanto de ter participado.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1 e 2)

Eu me converti em meio a uma legião de adolescentes e jovens que estavam se convertendo mas não queriam ser caretas. Ouvíamos Oficina G3, que ainda tinha o Manga no vocal, Resgate e seus cabelos compridos, Petra, Whitecross e muitos outros. Éramos jovens e queríamos alcançar outros jovens mostrando que a igreja também podia ser legal. Veja, era, e ainda é, uma boa motivação.

Porém, não me orgulho do que nos tornamos… no início trouxemos mais ritmos para os louvores da igreja e músicas cristãs, com o tempo passamos a vestir roupas diferentes, camisetas mais descoladas e e bonés durante o culto. Isso foi legal pois as pessoas perceberam que poderiam vir para a igreja como eram e não precisariam mudar nada para conhecer a Cristo.

Depois, e isso já foi um pouco após a minha época, trouxemos ainda mais ritmos e menos roupas para a igreja. Trouxemos mais tribos e trejeitos, trouxemos mais manias e festas. E, agora com mais idade, fico refletindo se isso foi realmente bom. Por um lado sim, pois trouxemos mais e mais pessoas, mas por um lado não.

Sabe amado, hoje eu creio que nós, cristãos, devemos sim ser diferentes. Devemos, se preciso for, ser careta, para nos distinguir do mundo. Se preciso for, mudemos nosso jeito de nos vestirmos e falarmos, pois o que realmente é preciso é mostrar Jesus para as pessoas através das nossas vidas.

Mas como faremos isso se falamos algumas palavras que não ficam bem para um cristão e ouvimos músicas que talvez Deus não goste tanto assim? Como seremos luz do mundo se valorizarmos demais as coisas materiais?

Sabe, ontem eu vi um clipe de um rapper cristão norte-americano. O cara era bom, mas era uma cópia cuspida e escarrada (ainda se fala isso?) do Usher. O mesmo estilo de roupa, os mesmos tiques, aquela valorização apelativa do visual e tudo o mais. O cara estava realmente bem vestido no vídeo, mas eu fiquei pensando nisso: será que não passamos do ponto? Será que não estamos começando a nos conformar demais com o mundo? Será que não deveríamos ser diferentes deles?

Temos as mesmas roupas, os mesmos jeitos, os mesmos desejos, a mesma maneira de falar, as mesmas festas, assistimos os mesmos programas de televisão, brigamos uns com os outros da mesma maneira, fofocamos do mesmo jeito, desobedecemos nossos pais, fazemos tudo igual. E eu acho isso um pouco estranho. Talvez eu esteja ficando velho mesmo, talvez não.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (1 Coríntios 10:23)

Novamente, estou falando primeiro para mim, lembrando de que EU tenho que tomar cuidado para não me conformar com este mundo e ser igual a eles, como me orgulhava de ser no passado. Falo primeiro para mim, para que eu me lembre que tenho sim que ser diferente, afinal, eu levo uma luz e um tempero que eles não tem, e sou eu quem tenho que lhes mostrar isso. Como farei isso se sou igual?

Minha oração hoje é essa: que eu possa ser diferente deles e mais parecido com Jesus.

Paz

Escrito ao som de: Galera Santa, Tourniquet e Lucas Nobuo


Comments

1 resposta para “Conformando-nos com o mundo”

  1. […] o mesmo risco? Será inclusive, que já não temos nos deixado contaminar pelas coisas do mundo? Escrevi sobre isso um tempo atrás, e hoje voltamos com este assunto. Para mim, isto é muito sério e precisamos, eu e você, […]

  2. muito bom este texto, isso serve muito bem para tentar explicar um defeito dos cristãos de hoje em dia:

    egos amaciados…
    na ânsia de provar de novo oq vivíamos no passado adotamos a máxima:
    “tudo pode, tudo se adapta ao modo de vida cristão”
    com Cristo não é assim…

    poderia escrever mais, mas estou no meio de minha aula de excel…=)
    até mais irmãos!

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