O capítulo 4 desta primeira carta de Pedro segue o mesmo padrão dos outros capítulos, com instruções diretas para uma igreja que vinha sendo perseguida.
Neste capítulo, os seguintes assuntos são tratados:
- O pecado já cessou (1 a 5)
- Sede sóbrios e vigiai em oração (6 e 7)
- Amor fraternal (8 e 9)
- Tudo para Deus (10 e 11)
- É bom padecer por amor a Deus (12 a 19)
Veremos alguns deles.
Vídeo do estudo de 1 Pedro – Capítulo 4
O pecado já cessou
Nos primeiros dois versículos do capítulo, lemos:
“Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento: que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.”
1 Pedro 4:1,2
Se estamos conectados com Cristo, o pecado não tem mais poder sobre nós, a vida de pecado não faz mais sentido e não vivemos mais pecando. Morremos com ele para nossa vida carnal, renascemos com Ele, numa nova vida. Essa nova vida é nEle e, por isso, não tem mais lugar para o pecado.
O mundo vai continuar caminhando para o pecado, para aquilo que satisfará as vontades deles. O cristão vai continuar caminhando no sentido contrário.
Isso se conecta diretamente com o que lemos em 2 Coríntios 5:
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
2 Coríntios 5:17
Quando renascemos com Cristo, somos novas criaturas e todas as coisas se fazem novas. Não temos mais motivos para viver em pecado.
Sede sóbrios
Pedro também pede que a igreja seja sóbria e vigie em oração:
“porque, por isto, foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens, na carne, mas vivessem segundo Deus, em espírito. E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração.”
1 Pedro 4:6,7
Ele pede que os cristãos tenham esse comportamento pois “está próximo o fim de todas as coisas”. Nós devemos estar sempre preparados para o fim de todas as coisas, seja por conta da brevidade da nossa vida terrena, seja por conta da volta de Cristo. Não sabemos até quando estaremos aqui e precisamos viver preparados, por isso, devemos ser sóbrios e vigiar em oração.
Vigiar em oração também nos lembra que não lutamos a partir da nossa própria força, mas que nossa melhor arma é a oração. Não lutamos nossas batalhas com a espada e o escudo, com nossa inteligência e perspicácia ou com nosso conhecimento. O cristão trava suas lutas tendo como maior arma a dependência de Deus através da oração.
Pedro também diz, nessa passagem, que o evangelho também foi pregado “aos mortos”. Um entendimento comum não relaciona este texto com o capítulo 3, mas sim afirma que o evangelho foi pregado para pessoas que, na época da escrita da carta, já haviam morrido. Isso se relaciona com o tom de urgência que Pedro dá para a questão do “fim de todas as coisas”.
Tudo para Deus
Nos versos 10 e 11, Pedro diz:
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!”
1 Pedro 4:10,11
Esta é uma passagem maravilhosa, que nos lembra que tudo o que fazemos devemos fazer para o Senhor. Se trabalhamos, se estudamos, se servimos na igreja, tudo o que fazemos é para o Senhor. De tudo o que temos e de tudo o que cuidamos, o fazemos para o Senhor, para que o nome dele seja exaltado.
Se temos algum dom, seja ele qual for, é para a glória de Deus. Um dos exemplos que Pedro usa é o da administração. A palavra usada por Pedro é “diakoneo”, que significa administrar, servir, atender, ministrar ou algo do tipo. Ou seja, todas as vezes que servimos alguém, devemos fazer para a glória do Senhor.
Devemos sempre nos lembrar de um dos assuntos principais da carta: temos uma nova vida no Senhor. Por isso, nessa nova vida, tudo o que fazemos é para Ele.
Padecer por amor
Também aprendemos nesse capítulo que sofrer por amor de Cristo é motivo de alegria:
“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.”
1 Pedro 4:12,13
Lembre-se que as igrejas a quem a carta se destinava, estavam passando por sofrimentos e perseguições. Logo, este assunto é um conforto para aquelas pessoas, não no sentido de que o sofrimento logo teria um fim, mas de que ele tem uma finalidade: aperfeiçoar o cristão e prepará-lo para a glória futura.
Nossa vitória não é nesta vida, mas na vida eterna, quando Jesus nos resgatar. Isso conversa totalmente com o que lemos em 1 Coríntios 15:
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.”
1 Coríntios 15:19
Por isso é motivo de alegria quando sofremos aqui por amor de Cristo: estamos sendo aperfeiçoados por Deus, estamos nos tornando mais conscientes de que a vitória eterna é superior à alegria terrena. Estamos participando dos sofrimentos de Cristo, estamos nos conectando a Ele.
Note que não estou fazendo uma defesa de que qualquer sofrimento seja válido. Não é isso. Estou concordando com Pedro de que ser perseguido por amor de Cristo é motivo de alegria. O sofrimento causado por outros motivos, como as doenças por exemplo, podem ser um outro assunto.
Desafio do capítulo
Para o capítulo 4, temos os seguintes desafios:
- Fale sobre o que você entende dos versículos 1 a 5 deste capítulo
- Responda à pergunta: quais outros momentos na Bíblia vemos pessoas que estavam passando por dificuldades e continuaram confiando em Deus?
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