Em Êxodo 14 vemos que os hebreus começam a ser perseguidos pelos egípcios e como o Senhor livra o seu povo através do caminho pelo Mar Vermelho.
O capítulo apresenta os seguintes eventos:
- Faraó decide perseguir os Israelitas (1 a 9)
- Moisés tranquiliza o povo (10 a 14)
- O mar vermelho de abre (15 a 26)
- O mar vermelho se fecha (27 a 30)
Vamos vê-los com mais detalhes.
Faraó decide perseguir os israelitas
O capítulo começa com a descrição do caminho que o povo de Israel faz ao sair do Egito.
É interessante notar, neste início de capítulo que o povo de Israel é obediente ao Senhor, tendo os devidos cuidados com a páscoa, com sua saída do Egito e com o caminho que fariam. Mesmo assim, eles são perseguidos por Faraó e seus exércitos.
“Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem e que acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar. Então, Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército; e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.”
Êxodo 14:1-4
Note como o final do verso 4 diz: “e eles fizeram assim”.
Ou seja, o povo de Israel estava sendo obediente a tudo o que Deus estava mandando mas, mesmo assim, acabaram sendo perseguidos:
Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, mudou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que nos não sirva? E aprontou o seu carro e tomou consigo o seu povo; e tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse os filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão.”
Êxodo 14:5-8
Um dos primeiros ensinamentos que temos aqui é que, às vezes, vamos fazer a coisa certa, mas o resultado não vai ser o que esperamos. Os planos de Deus são muito maiores que os nossos e não podemos achar que estamos no controle das coisas. Não podemos pensar que, se fizermos tudo certo, as coisas serão perfeitas e da maneira como queremos. Não somos abençoados por nosso mérito, mas pela graça de Deus. Não obedecemos ao Senhor para ganhar algo, mas porque essa é nossa obrigação.
Outro ponto para notarmos aqui é que após a morte de todos os primogênitos do Egito, a preocupação de Faraó não estava no seu povo, mas sim em não perder os escravos que tinha. O povo hebreu era escravo naquela terra e estava saindo de lá. Essa era a preocupação do maior líder do Egito. Isso mostra como o coração de Faraó estava obstinado, preso aos seus desejos.
Quando não guardamos o nosso coração, ele nos engana. Se não nos protegermos da nossa carne, se não vigiarmos, teremos um coração obstinado como foi o de Faraó, que perdeu o foco naquilo que era o mais importante.
Moisés tranquiliza o povo
Com o início da perseguição, o povo começa a ficar preocupado:
E, chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, que nos tens tirado do Egito? Não é esta a palavra que te temos falado no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto. Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis.”
Êxodo 14:10-14
Essa passagem nos faz refletir sobre qual é a nossa reação diante das dificuldades. O povo de Israel, neste momento, teve medo, começou a pensar que iria morrer, mesmo após tudo o que Deus havia feito com eles.
É impactante imaginarmos a mesma situação: os hebreus sabiam sobre as pragas, sobre como o povo egípcio sofreu por não permitir que eles saíssem da terra. Eles, os hebreus, haviam testemunhado como Deus estava os livrando da escravidão.
Porém, ao primeiro sinal de problemas no caminho até a terra prometida, eles se desesperam e começam a pensar que seria melhor terem ficado por lá, como escravos, para morrerem.
No momento da dificuldade, não podemos nos esquecer que Deus é o nosso salvador, o nosso refúgio, o nosso porto seguro. Além disso, temos que tirar da nossa mente a ideia de que voltar à escravidão seja uma opção. Hoje somos livres, não podemos e não temos por que voltarmos para lá.
A travessia pelo mar
Diante da reclamação do povo, Moisés se volta para o Senhor e ouve o seguinte:
“Então, disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco.”
Êxodo 14:15,16
Moisés já havia presenciado os milagres todos, já havia recebido de Deus tudo o que necessitava. Agora era hora dele começar a agir de acordo com o que sabia que devia fazer. Note como Deus responde para ele dizendo “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem.”, como quem diz: “você já recebeu o suficiente, agora é hora de tomar as decisões e trabalhar”.
Esse modelo onde primeiro você recebe muito do Senhor e depois começa a trabalhar, é algo bem comum na Palavra. Aconteceu a mesma coisa com o povo de Israel: eles receberam muito até entrarem na terra prometida, receberam o maná, as roupas não se desgastavam, Deus os protegia com a coluna de nuvem e de fogo. Quando chegaram na terra prometida, precisaram começar a trabalhar para terem alimento, construir para se protegerem, etc.
Vemos o mesmo padrão com os apóstolos: primeiro eles receberam de Jesus através dos ensinamentos, receberam milagres, testemunharam curas, etc. Em um determinado momento, precisaram começar a trabalhar por si mesmos. Vemos isso, por exemplo, quando Jesus manda os primeiros discípulos para pregarem o evangelho em Mateus 10.
A partir daí, vemos que Moisés obedece ao Senhor, o mar se abre, e o povo de Israel começa a fazer a travessia:
Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à sua direita e à sua esquerda.
Êxodo 14:21,22
Após saírem, Deus derrota os exércitos de Faraó fechando o mar sobre eles:
“Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro; e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar, porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem ainda um deles ficou.”
Êxodo 14:27,28
Depois de mais esse livramento, vemos algo que será comum acontecer no Êxodo, que é o povo de Israel temendo ao Senhor e crendo nele:
“E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor e creu no Senhor e em Moisés, seu servo.”
Êxodo 14:31
Veremos, ao longo dos próximos capítulos, como o povo de Israel sofreu com estas oscilações na fé, uma hora crendo no Senhor e outra reclamando de como as coisas andavam.