Êxodo 20 apresenta para nós os 10 mandamentos, uma das passagens mais conhecidas do livro de Êxodo. Neste estudo de Êxodo 20 vamos entender um pouco mais de cada um destes mandamentos e do pedido do povo para que apenas Moisés falasse com eles.
Os seguintes eventos acontecem em Êxodo 20:
- Deus fala sobre os 10 mandamentos (1 a 17)
- O povo pede para se afastar da voz de Deus (18 a 21)
- As direções de Deus a respeito do altar (22 a 26)
Vamos ver cada um destes com mais detalhes.
vídeo do estudo
Os 10 mandamentos
O capítulo começa apresentando os 10 mandamentos. O primeiro mandamento se refere a uma vida monoteísta:
“Não terás outros deuses diante de mim.”Êxodo 20:3
Deus é único, não aceita que nossa fé seja dividida, temos que crer nele e apenas nele. Qualquer crença diferente disso é inaceitável. Israel vivia em meio a muitos povos politeístas, que criam nas mais diversas falsas divindades. Deus exige de nós um relacionamento de exclusividade.
O segundo mandamento é:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos.”
Êxodo 20:4-6
Deus é perfeito e sua perfeição não pode ser expressada por uma obra humana. Criar uma imagem qualquer de Deus, nos daria um entendimento limitado de quem Ele é. Note como alguns deuses falsos são complexos, com várias cabeças, muitos braços, asas e outras coisas. Estas representações, por mais elaboradas que sejam, não podem conter a perfeição do nosso Deus. Como representar fielmente um Deus totalmente santo, perfeito, eterno, onisciente, onipresente e onipotente?
O terceiro mandamento diz:
“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”
Êxodo 20:7
Esse talvez seja o mandamento mais complexo de ser compreendido por nós.
O mandamento anterior falava sobre como nós precisamos tomar cuidado em como representamos a Deus. Este mandamento fala sobre o cuidado que temos que ter ao falarmos sobre Ele, sobre o que Ele mandou, disse ou direcionou. Devemos ter temor do Senhor ao nos referirmos a Ele ou ao que Ele disse.
O quarto mandamento fala sobre a necessidade do povo de Israel guardar o sábado:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas.”
Êxodo 20:8-10
O povo de Israel deveria separar o sábado para o Senhor, nele nenhum trabalho deveria ser feito. Atualmente existem diferentes interpretações do que esse mandamento significa.
Para nós, vale notar que este é o único mandamento da lei moral que não encontramos um reforço no novo testamento. De qualquer forma, como aprendemos ao longo da Palavra, no Sermão da montanha por exemplo, os mandamentos da lei moral nos apontam para princípios.
O princípio que temos aqui é que o Senhor precisa ser o primeiro nas nossas vidas e devemos ter um tempo de dedicação a Ele nas nossas vidas.
Estes primeiros mandamentos focaram no nosso relacionamento com Deus. A partir daqui temos os mandamentos que se referem ao nosso relacionamento com o nosso próximo.
O quinto mandamento diz:
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.”
Êxodo 20:12
Devemos honrar nossos pais. A honra não é uma opção para nós, é uma obrigação. Quando honramos nossos pais, somos abençoados. Sei que esse pode ser um tema complicado. Se quiser, já gravamos um podcast falando só sobre esse tema.
Os outros cinco mandamentos também falam do nosso relacionamento com as pessoas:
“Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.”
Êxodo 20:13-17
Nós precisamos obedecer à lei do Senhor para que nosso relacionamento com as pessoas seja da maneira como Deus espera. Quando olhamos para Cristo, temos nele o modelo de relacionamento com as pessoas. Ele interpreta a lei da seguinte forma:
“Respondeu Jesus: ” ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’.
Mateus 22:37-40
Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.
Essa é a melhor interpretação que podemos fazer da lei. Não basta não matarmos, precisamos amar verdadeira e profundamente. Não podemos apenas não cobiçar, temos que ser generosos, considerando o nosso próximo como superiores a nós.
Se tentamos nos prender à lei, inevitavelmente vamos nos perder do princípio para o qual ela aponta.
Estudo de Êxodo 20: O povo se afasta
Ao contemplar os versículos 18 a 21 de Gênesis 20, somos transportados para um momento crucial na história bíblica, onde o medo e o temor se entrelaçam na relação entre Deus e Seu povo.
O relato no Êxodo 20:18,19 retrata um cenário impressionante no Monte Sinai, onde a manifestação divina se apresenta através de trovões, relâmpagos e o som imponente de uma buzina, envolvendo o monte em fumaça. Diante dessa majestade, o povo, tomado pelo medo, decide manter-se à distância, preferindo que Moisés sirva como intermediário em sua comunicação com Deus. Esta reação revela um temor que, ao invés de conduzir à proximidade, gera um afastamento.
“E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos.”
Êxodo 20:18,19
O contraste entre medo e temor é essencial aqui. Enquanto o medo impulsiona o distanciamento, o temor verdadeiro está fundamentado no respeito reverente. Nossa relação com Deus deve ser marcada por esse temor honroso, que nos conduz a uma busca pela compreensão mais profunda e à intimidade com o Pai celestial.
A situação descrita nos lembra o papel de Moisés como mediador, e isso ecoa no Novo Testamento, onde encontramos Jesus como o Mediador perfeito entre Deus e os homens. Em 1 Timóteo 2:5, Paulo escreve:
“Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.”
Aqui, Jesus se apresenta como aquele que não apenas intercede, mas também elimina o temor que afasta. Ele nos convida a nos achegar com confiança ao trono da graça (Hebreus 4:16).
A resposta de Moisés, registrada em Êxodo 20:20,21, traz uma mensagem de tranquilidade ao povo assustado.
“E disse Moisés ao povo: Não temais, que Deus veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis. E o povo estava em pé de longe; Moisés, porém, se chegou à escuridade, onde Deus estava.”
Êxodo 20:20,21
Moisés aponta que o propósito divino é provar o povo, não para instilar um temor que afasta, mas para estabelecer um temor que previne o pecado.
O ALTAR
Por fim Deus instrui Moisés sobre como deveriam adorá-lo:
“Então, disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que eu falei convosco desde os céus. Não fareis outros deuses comigo; deuses de prata ou deuses de ouro não fareis para vós. Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei.”
Êxodo 20:22-24
Esta orientação específica refletia a fase transitória da peregrinação de Israel no deserto em direção à Terra Prometida. Nesse contexto temporário, Deus enfatizava a necessidade de flexibilidade, evitando estruturas que os prendessem a locais específicos durante a jornada.
Há uma clara analogia com nossas vidas presentes: assim como Israel estava a caminho da Terra Prometida, nós também estamos nesta terra, com nosso destino final sendo a vida eterna no Paraíso, junto ao Senhor. Assim como Israel não deveria se apegar excessivamente às estruturas temporárias no deserto, nós também somos lembrados de não nos prendermos excessivamente aos aspectos transitórios desta vida terrena.
A sabedoria está em compreender que nossa jornada aqui é uma passagem, e nosso verdadeiro alvo é a comunhão eterna com o Senhor no Paraíso. Isso nos exorta a não nos prendermos excessivamente aos elementos temporais, mas a mantermos nossos corações e esperanças firmes na promessa da vida eterna.