Estudo de Gálatas – Capítulo 4

Em Gálatas 4 vemos a explicação de Paulo sobre o nosso relacionamento com a lei e com a fé, num parelo com a vida de Sara e Agar.

Neste capítulo temos os seguintes assuntos:

  • Somos filhos, não servos (1 a 7)
  • Não podemos retornar (8 a 11)
  • Paulo anuncia o evangelho estando fraco (12 a 15)
  • Paulo gostaria de estar com estas igrejas (16 a 20)
  • A alegoria de Sara e Agar (21 a 31)

Veremos alguns destes pontos.

Vídeo do estudo de Gálatas 4

Somos filhos

O primeiros versículos deste capítulo são uma continuação do que Paulo estava argumentando nos versículos finais (24-29) do capítulo 3:

“mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.”

Gálatas 4:4-7

Paulo faz a analogia do herdeiro que ainda é menino para explicar qual era a situação do povo de Israel antes da fé em Cristo. Essa analogia era de fácil entendimento por todos os leitores da carta, uma vez que o povo judeu já tinha um rito de passagem da vida da criança para a vida adulta (Bar Mitzvá) e alguns povos não judeus também tinham algo parecido.

Nessas comunidades a criança estava sob os cuidados de um mentor, uma pessoa que trabalhava para a família, ou que era escrava daquela família, que cuidava da criança e mostrava para ela o que era certo e o que era errado. Os bens da criança eram administrados por administradores e ela não tinha direitos. Por isso, quando Paulo diz que “todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo” (vs 1), está fazendo com que as pessoas facilmente entendam o que ele estava dizendo.

Assim como uma criança não tinha direitos e vivia sob a tutela de outra pessoa, o povo de Israel viveu sob a tutela da lei até que viesse “a plenitude dos tempos”, o tempo onde Deus entendeu ser apropriado para que Cristo fosse enviado ao mundo e aquela tutela da lei não fosse mais necessária.

Quando Cristo vem, recebemos a adoção de filhos, ou seja, nós que não éramos filhos, somos adotados por Deus e passamos a fazer parte da família. Como filhos, recebemos o Espírito Santo, que clama ao Pai. Deixamos a tutela da lei, não somos mais servos, passamos a ser filhos, sob a fé e também nos tornamos herdeiros de Deus. Por esse motivo, por Deus ter tornado tanto judeus como gregos Seus filhos, é que Paulo escreve no capítulo 3:

“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”

Gálatas 3:28

A separação que existia entre judeus, como sendo o povo de Deus, e gentios, que não eram da família de Deus, se desfaz. Em Cristo Deus reuniu todos os povos em uma só família. Isso acontece pela fé que temos em Jesus Cristo.

Não podemos retornar

Após toda essa exposição da justificação pela fé, com argumentos precisos, Paulo faz o apelo:

“Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

Gálatas 4:9

A indignação de Paulo era que aquele povo estava retornando para a lei, cumprindo alguns rituais dela, ao invés de entenderem que a lei não servia para justificá-los, não servia para os tornarem santos. O propósito da lei havia sido cumprido e ela não era mais necessária, por isso não existia, e não existe, motivo algum para que aquele povo retornasse para esse rudimento fraco que era a lei.

Nós somos justificados pela fé, por ela somente. Não existe nada que façamos que possa nos tornar justos diante de Deus. Se existisse algo, qualquer coisa, por menor que fosse, necessária para a nossa justificação, então não seria pela fé somente. A justificação pela fé anula qualquer necessidade de algo que possamos fazer. O argumento de Paulo em Romanos 3, começa deixando isso muito claro:

“Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas,”

Romanos 3:21

Note que Paulo diz que isso aconteceu “sem a lei” ou, em outras traduções, “independente da lei”. Não necessitamos de nada além da fé em Cristo para nos tornarmos justos diante de Deus.

A fraqueza de Paulo

Paulo também comenta que esteve com eles em fraqueza da carne:

“E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne.”

Gálatas 4:13

Poucos comentaristas tentam argumentar algo em relação ao que seria essa fraqueza de Paulo. Alguns dizem que é possível que Paulo houvesse contraído Malária em uma de suas viagens e, quando chegou nestas igrejas, ainda tinha sintomas da doença.

É muito difícil, para não dizer impossível, com o que temos de evidências hoje, afirmar algo com certeza. A menos que seja achado algum novo documento da época onde isso seja relatado, jamais teremos confiança de admitir como certo alguma teoria sobre o que Paulo quis dizer aqui.

Sara e Agar

Paulo também faz um paralelo aqui com a história de Abraão, Sara, Agar, Isaque e Ismael:

“Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa,”

Gálatas 4:22,23

Abraão recebeu a promessa de Deus de que seria pai de multidões (Gn 12 e 17). Porém, por entender que Deus estava demorando para cumprir a promessa, ele e sua esposa (Sara) resolvem que seria uma boa ideia que ele tivesse um filho com a serva egípcia da esposa (Agar, Gn 16). Dessa relação nasce Ismael, considerado como filho da carne. Da relação com Sara, nasce Isaque, filho da promessa.

O paralelo que Paulo faz é que nós somos filhos da promessa, pela fé, não filhos da serva, da carne, da falta de fé. Os judeus estavam debaixo da escravidão da lei, os cristãos estavam sob a liberdade da fé. Se tentassem trazer para dentro da promessa os rudimentos da lei, anulariam a promessa e estariam, novamente, debaixo da escravidão da lei.

Desafios do capítulo

  • Releia os capítulos 1, 2 e 3 de Gálatas para você relembrar algumas coisas que Paulo ensinou nesse livro;
  • Leia os capítulos, 12, 16 e 17 de Gênesis para entender melhor as referências que Paulo está fazendo para Abraão e sua família;
  • Leia os versículos 21 a 31 de Romanos 3 e deixe seu comentário dizendo como este texto de Romanos se relaciona com o que lemos aqui em Gálatas 4;
  • Ore agradecendo a Deus pela sua adoção.

Paz.


Comments

1 resposta para “Estudo de Gálatas – Capítulo 4”

  1. Jorge luiz

    A paz do Senhor Jesus Cristo, na verdade se não conhecermos sobre as leis e os costumes a história dos judeus, nós tornamos rasos na palavra de Deus, teremos mais ou menos q nós teletransportar pra aquela época para aqueles dias, tendo em vista também que, hoje estamos debaixo da graça, não vivemos mais diante da lei, hoje temos q viver da plenitude do amor, q Jesus nos ensinou, o amor vai além de religião, é a verdadeira essência de Jesus, somos todos filhos em Jesus, portanto somos uma só família, porque temos um só Pai.
    Entendo eu q muitos se perderam estando sobre a lei, pq deixaram o poder a religiosidade reinar,sendo que, onde tinha q operar seria a lei, e que tbem sem Jesus o nosso verdadeiro guia, não conseguimos êxodo em nada, pq tudo parte da fé e do amor, e isso ninguém pode nos tirar, pq Jesus fez o que ninguém conseguiu fazer, mudar um conceito humano, que se resumia em hipocrisia, trazendo esperança para todos nós, ricos ou podres, tendo todos direitos, sem acepção, esse é o nosso Senhor e salvador Jesus Cristo, muitos tentem explicar o inexplicável, pq vivemos pela fé, e se não tivermos fé não se vive Cristo.
    Suas explicações foram maravilhosas, muito detalhada e ricas em conhecimento, o que muito me chamou a atenção é que entendo tbem que atingimos a maior idade ou maturidade quando aprendemos com Jesus e procuramos dar prosseguimento a obra de Cristo que é a de salvação de almas.

  2. […] disso, esse texto tem uma relação muito clara com Gálatas 4:21-31, onde Paulo interpreta essa passagem aplicando-a à lei e à […]

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