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Estudo de Mateus 2

Resumo do estudo de Mateus 2

Neste Estudo de Mateus 2, vemos o nascimento de Jesus, a visita dos reis magos, a fuga de José e Maria para o Egito e sua ida pra Nazaré.

No meio deste relato, vamos algumas referências importantes para o antigo testamento e também alguns aprendizados que temos com este estudo de Mateus 2.

Cristo, Herodes e os Magos

“E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,”

Mateus 2:1

Analisando o versículo 1, já temos diversos pontos importantes para meditar. Um deles é o geográfico, assunto bem presente neste capítulo.

Jesus nasceu em Belém da Judeia, um vilarejo pequeno, porém de grande importância histórica. Esta aldeia ficava num monte, mais ou menos a oito quilômetros ao Sul de Jerusalém.

Foi ali naquele território (não exatamente em Belém, mas na região de Zelza, perto de Ramá) que Raquel morreu e foi sepultada por Jacó. Foi de Belém que a família de Rute saiu e foi para Moabe numa época de grande fome. Foi em Belém que Davi nasceu (1 Samuel 17:12) e onde ele foi ungido por Samuel.

Em Miquéias vemos que foi profetizado que ali em Belém nasceria um grande Filho, maior que Davi:

“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”

Miquéias 5:2

Também vemos neste primeiro verso que isso tudo aconteceu “no tempo do rei Herodes”.

No nosso Estudo de Atos 12, já falamos um pouco sobre esse contexto histórico. Cito aqui parte do texto:

Este Herodes foi o terceiro de quatro reis de Israel que se sucederam no trono. Vale lembrar aqui que, no passado, Israel era uma nação Teocrática. Isso muda quando o povo pede por um rei, em 1 Samuel 8, no Velho Testamento. Daí em diante, uma série de reis se sucederam no trono, até que Roma, em 63 a.C., domina sobre a nação de Israel e passa a escolher quem seriam os reis daquele povo.


Em 40 a.C. o senado romano escolhe Herodes, o grande, como Rei da nação de Israel. Este foi o Herodes que matou as crianças quando Jesus tinha cerca de dois anos. Ele tinha medo de perder o trono para o novo Rei do judeus, que havia nascido. Vemos esta história acontecendo em Mateus 2.

Estudo de Atos 12 – JC na veia

Se quiser entender mais sobre quem foi Herodes, recomendo este nosso vídeo:

Entender essa questão histórica, sobre quem era este Herodes, como ele chegou ao poder e qual sua relação com o povo de Israel, nos ajuda a entender o texto como um todo.

Um outro ponto interessante deste primeiro versículo é que ele fala sobre “magos” que vieram do oriente.

O fato da tradução Almeida usar a palavra “magos” pode trazer algumas dúvidas para nós, uma vez que não é uma palavra que vemos ser muito associada ao cristianismo.

Tradicionalmente acredita-se que estes magos eram sábios vindos da Mesopotâmia ou da Arábia que estudavam os astros e que conheciam a profecia a respeito de um rei que viria. Possivelmente eles ficavam observando fenômenos nos céus que indicassem esse nascimento.

Aceitando essa hipótese como verdadeira, acredita-se então que esta tenha sido uma visita diplomática, mas que certamente causou preocupação em Herodes, uma vez que um outro rei se levantaria e teria o apoio de outras nações.

Os versos seguintes dizem:

“e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele.”

Mateus 2:2-3

A visita destes reis magos vindos do Oriente já era, por si só, algo preocupante. Nessa época, Roma dominava sobre Jerusalém, como já falamos anteriormente, e a Pártia dominava sobre os territórios ao Leste (ao Oriente).

Algumas guerras entre Roma e Pártia aconteceram ao longo do tempo e estes eram povos rivais. A visita de reis sábios do império Parta diretamente a Herodes perguntando sobre um “rei dos Judeus”, certamente causou alvoroço em Jerusalém como um todo.

Seria como se, durante a segunda guerra mundial, grandes nomes do exército Alemão fossem até os Estados Unidos, perguntando para o presidente Roosevelt (presidente dos EUA na época) sobre o novo presidente e o novo governo que estava se iniciando. Imagine a crise que aconteceria e como a guerra teria se intensificado ainda mais.

Foi mais ou menos isso que aconteceu aqui: reis de um povo rival, vieram para o atual Rei de Israel perguntando sobre um novo rei, que não era da linhagem dele.

Eles também falam que viram a “estrela no Oriente” e que vieram a “adorá-lo”. Como mencionei anteriormente, é comum a crença de que estes reis eram sábios astrólogos, que estudavam as estrelas e seus movimentos. Vendo então uma estrela diferente e sabendo da profecia, podem ter entendido que Jesus, o rei de Israel escolhido por Deus, havia nascido.

O texto continua dizendo o seguinte:

“E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.”

Mateus 2:4-6

Herodes, querendo descobrir onde esse novo Rei iria nascer, se reúne com os sacerdotes e escribas para lhes perguntar. É nesse momento que eles apresentam o texto do profeta Miquéias para Herodes, que afirma que o Rei dos Judeus iria nascer em Belém da Judeia, ou Belém Efrata, no texto citado.

Com isso, vemos a seguinte reação:

“Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.”

Mateus 2:7-8

Claramente a intenção de Herodes não era adorar a este novo Rei, mas sim se livrar dele, usando os reis magos para localizá-lo.

Como falamos anteriormente, Herodes já velho, com muitos problemas de raciocínio, não queria nenhum tipo de concorrente, mesmo que ainda fosse um bebê.

O reis magos então vão para Belém. O texto dos versos 9 a 12 diz:

“E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.”

Mateus 2:9-12

Note que, ao verem Jesus, os reis do oriente se alegram. Jesus já estava em uma casa, não estava mais no estábulo e os reis adoram Jesus, entregando-lhe presentes: ouro, incenso e mirra que, como vemos em Isaías 60:6 são presentes adequados para um rei. Além disso, o fato destes reis gentios entregarem presentes para o Rei verdadeiro, tem um significado ligado ao Salmo 72:

“Que os reis de Társis e das regiões litorâneas lhe tragam tributo; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes. Inclinem-se diante dele todos os reis, e sirvam-no todas as nações.”

Salmos 72:10-11

Após encontrarem e presentearem a Jesus, o Rei dos Judeus, eles são avisados em sonho que não deveriam voltar para Herodes para avisar sobre a localização do menino. Obedecendo a essa direção que tiveram em sonho, eles voltar para o leste por outro caminho.

Este é o primeiro livramento para a família de José e Maria que vemos aqui nesse capítulo.

No Egito

Dos versos 13 a 15 vemos o segundo livramento, onde José, pai de Jesus, vê em sonho (novamente) o anjo do Senhor:

E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.

Mateus 2:13-15

Logo que os reis magos deixam a presença de Jesus e sua família, então José tem este sonho onde o anjo do Senhor lhe diz que eles deveriam ir para o Egito, pois Herodes estava procurando Jesus para matá-lo.

Logo de noite, José se levanta, pega sua esposa e seu filho e vai para o Egito, cumprindo assim mais uma profecia:

“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho.”

Oséias 11:1

Apesar de Oséias claramente estar falando da saída do povo de Israel do Egito, os estudiosos consideram que esta é um profecia pictórica, ou um tipo, para simplificar o entendimento.

Ao perceber que os reis magos não voltariam para encontrar-se com ele, Herodes reage:

“Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. Então, se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; era Raquel chorando os seus filhos e não querendo ser consolada, porque já não existiam.”

Mateus 2:16-18

O desespero de Herodes era tanto que ele chegou no ponto de mandar matar todos os meninos com até dois anos de idade. Como comentei anteriormente, a saúde mental dele, nesta época, já estava bem deteriorada e ele via inimigos até onde estes não existiam.

Aqui nos encontramos com mais um tipo, numa referência ao texto de Jeremias 31, onde o povo chora por conta do cativeiro na Babilônia, prefigurando também este genocídio cometido por Herodes.

“Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem.”

Jeremias 31:15

A volta do Egito

Por fim, vemos que a Jesus e sua família voltam do Egito após a morte deste primeiro Herodes:

“Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. E, ouvindo que Arquelau reinava na Judeia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas, avisado em sonhos por divina revelação, foi para as regiões da Galileia. E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.”

Mateus 2:19-23

Note como aqui Herodes, o Grande, havia morrido e Arquelau, seu filho, havia passado a reinar. Sendo novamente avisado em sonho, José sai do Egito com sua família e se dirige para Israel. Porém, com receio do filho de Herodes, José tem um sonho e é direcionado a ir para Nazaré, onde passou a habitar.

Aqui Mateus afirma que os profetas falaram que Cristo seria chamado de Nazareno. Não encontramos essa afirmação no Antigo Testamento, então temos algumas hipóteses:

  1. Poderia se tratar de uma profecia verbal, que foi apenas falada de uma geração para outra;
  2. Pode estar se referindo a Isaías 11:1, pois alguns sugerem que “Nazareno” é uma referência para “ramo” no hebraico;
  3. Uma explicação mais provável é que Mateus esteja usando “Nazareno” como um sinônimo para “desprezado” ou “humilhado”, como encontramos no texto Isaías 49:7. Isso se daria pelo fato de Nazaré ser uma cidade desconsiderada tanto no AT quanto pelos contemporâneos de Jesus, como podemos ver em João 1:46.

Aprendizado de Mateus 2

Analisando este capítulo como um todo, um dos aprendizados que tenho é que os grandes deste mundo não são nada comparados ao nosso Senhor. Jesus está acima de todo nome, de toda potência mundial, de qualquer pessoa, organização ou poder que se levante.

Herodes era um homem poderoso, Roma era uma nação poderosa, mas eles nunca puderam se comparar com o poder do Senhor Jesus Cristo.

Por isso precisamos ter a noção de que nada do que é relevante para o mundo tem grande valor para nós. Entendemos que tudo aquilo que tem valor está na eternidade, e não nessa vida.

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