Resumo do estudo de Mateus 3
No estudo de Mateus 3 nos encontramos com João Batista pregando o arrependimento e batizando algumas pessoas. Também vemos o batismo de Jesus, num momento maravilhoso onde Deus diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
Neste estudo de Mateus 3, também vemos a oposição de João Batista aos fariseus e aos saduceus.
O surgimento de João Batista
Este capítulo começa com João Batista pregando no deserto:
“E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.”
Mateus 3:1-3
A primeira coisa que vemos aqui é uma definição temporal: “naqueles dias”, ou seja, nos dias de Jesus. Não é uma definição clara, mas certamente no tempo em que Jesus habitou entre nós, provavelmente por volta do ano 30 d.C.
João batista, seu primo, aparece “pregando no deserto da Judeia”. O deserto da Judeia era uma região próxima ao mar morto, a noroeste deste. Não sabemos exatamente onde ele pregava, mas temos uma ideia da região. Alguns afirmam que ele estava a uma distância de aproximadamente um dia de Jerusalém, na região próxima de onde o Rio Jordão deságua no Mar Morto. É provável que fosse uma região habitada pelos essênios.
No mapa abaixo é algo pouco mais a oeste do ponto em destaque:
A pregação de João Batista era simples: “arrependam-se pois o Reino dos céus chegou”. Interessante notar que esta é a mesma pregação que Jesus fez e que instruiu os discípulos a fazerem.
Dado o destaque para essa pregação que temos nos evangelhos, certamente é algo sobre o qual devemos parar para refletir: precisamos nos arrepender, pois o Reino dos Céus chegou. Nossos pecados já foram perdoados, o sacrifício já foi feito, mas é necessário que nós nos arrependamos para que tenhamos acesso a esse perdão. Do contrário, sabemos que a condenação é o resultado justo para alguém que não se arrependeu.
Então o verso três fala sobre a profecia de Isaías, onde lemos:
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será exaltado, e todo monte e todo outeiro serão abatidos; e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda carne juntamente verá que foi a boca do Senhor que disse isso.
Isaías 40:3-5
Dos versos 4 a 6 vemos algumas características de João:
“E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.”
Mateus 3:4-6
A discussão sobre as roupas dele ou o que ele comia perdem importância diante do fato de que Jerusalém e toda a Judeia saíam de suas casas para ouvi-lo e serem batizados por ele, confessando seus pecados.
Note que as pessoas se arrependiam dos seus pecados ouvindo a pregação de João Batista. Não estamos falando aqui de um remorso ou uma tristeza passageira, estamos falando realmente de mudança de mentalidade. Mudança grande o suficiente para fazer com que os judeus aceitassem se lavar nas águas, simbolizando esse arrependimento.
Para eles, os judeus, lavar-se nas águas era admitir que tinham sido como os gentios, e precisavam se tornar verdadeiramente o povo de Deus.
Novamente: não podemos nos perder nos detalhes menos relevantes antes de nos aprofundarmos no principal, que é o fato de que todos precisamos nos arrepender, mudando de vida, de mentalidade, de ações, de palavras e de pensamentos.
Os fariseus e João
Vemos então que várias classes de judeus apareciam ali para verem João Batista:
E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
Mateus 3:7-10
Nota rápida: para entender melhor sobre essa interação, veja o nosso estudo sobre os grupos de judeus nos tempos de Jesus.
Os fariseus e os saduceus, dois grupos bem distintos e com vários pontos de atrito, unem-se sob uma mesma causa: atacar a Jesus. Ainda não vemos isso aqui no capítulo 3, mas vemos ao longo dos evangelhos.
Para eles, João diz: “raça de víboras … produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”.
Aqui precisamos fazer uma pausa para entender isso o que são esses frutos de arrependimento.
Como aprendemos em Romanos, somos salvos pela graça e justificados pela fé. Ao mesmo tempo, aprendemos em Tiago que nossa fé deve nos levar, sem exceção, às obras. É a mesma coisa que vemos João falando aqui: precisamos nos arrepender (fé), para sermos perdoados (graça) e então mostrarmos frutos desse arrependimento (obras).
Todo aquele que se achega a Cristo através da fé e é salvo pela graça, manifesta os frutos do arrependimento, mudando completamente sua maneira de pensar e agir.
Os fariseus e os saduceus mostravam ao mundo que eles eram o povo de Deus, os escolhidos, mas não manifestavam as obras da fé. Pelo contrário, estavam cegos pela lei, obscurecidos pela tradição e afogados na esperança de que sua conexão com Abraão seria o suficiente.
Por isso João diz: “não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão …”.
Mais uma vez João é perfeito, afinal, vemos como o discurso de Paulo para os Gálatas se alinha perfeitamente aqui:
Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.
Gálatas 3:7-9
Nós, os gentios, nos tornamos filhos de Abraão pela fé em Jesus. Por isso, quando diz que até daquelas pedras Deus poderia suscitar filhos a Abraão, João está mostrando que a salvação não estava no fato deles serem filhos de Abraão pelo sangue.
Após isso então, João fala sobre a urgência do tema quando diz que “agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.”. Era necessário que eles, fariseus e saduceus, se arrependessem de seus pecados e demonstrassem os frutos do arrependimento.
João declara sua intenção ali:
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
Mateus 3:11-12
Ele estava batizando para o arrependimento. Não era um ritual superficial, era o chamado à uma mudança de vida como preparação para o que havia de vir: a manifestação do Reino de Deus através da vinda do Filho.
Jesus, a quem João declara não ser digno nem de levar suas sandálias, viria para batizar com o Espírito Santo, como vemos em Atos 2, e com fogo, falando sobre o julgamento inevitável.
O batismo de Jesus
Por fim, neste capítulo vemos o batismo de Jesus:
Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Mateus 3:13-17
Jesus veio da Galileia, descendo todo o trecho do Rio Jordão, para ser batizado nas águas pelo seu primo.
Aqui ele o faz para se identificar conosco, mostrando-nos que Ele estava ali para suportar os nossos pecados e levar sobre si a culpa. Essa é a beleza do amor de Deus por nós: nós erramos, Ele paga o preço. Jesus já estava retratando sua morte e ressurreição ao se batizar.
Um ponto importante para meditarmos aqui é que Jesus não precisava se arrepender, pois ele não tinha pecados. Não era necessário que Ele mudasse de vida ou de mentalidade como preparação para a chegada do Reino, pois Ele mesmo estava trazendo o Reino. Mesmo assim, ele se batiza e cumpre toda a justiça.
Ao final do capítulo vemos as três pessoas da trindade se manifestando aqui: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Vemos Jesus, o filho, recebendo o Espírito descendo e o Pai declarando: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”.
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