Neste estudo de Romanos 1, veremos Paulo se apresentando, explicando o motivo de ter escrito a carta e comentando sobre a situação de Roma.
O capítulo apresenta os seguintes assuntos:
- Apresentação (1 a 7)
- O desejo de Paulo de ir para Roma (8 a 15)
- A salvação pela fé (16 e 17)
- O conhecimento de Deus através da criação (18 a 20)
- A adoração a imagens (21 a 23)
- Entregues ao pecado (24 a 28)
- A lista de pecados (29 a 32)
Este primeiro capítulo da carta tem mais ou menos a mesma estrutura de outras cartas de Paulo: uma apresentação, ações de graças, uma pequena transição e a transição entre a introdução e o corpo da carta.
Vale lembrar que esta carta, como todas as cartas, não estava separada em versículos e capítulos. Esta separação foi feita pela igreja, posteriormente. Por isso é importante entendermos a carta separando os blocos de pensamentos do autor.
Vídeo do estudo
Apresentação
Paulo faz uma apresentação um pouco mais extensa, abrindo desta maneira:
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,”
Romanos 1:1
Uma possível explicação para esta apresentação mais extensa é que, como Paulo não conhecia essa igreja, ele decidiu falar um pouco mais sobre si mesmo.
Aqui o apóstolo se identifica de 3 formas: servo, chamado e separado.
Servo
Como servo de Jesus, ele entende que foi comprado por Cristo para servi-lo. A palavra usada aqui para se descrever é doulos, um termo usado para falar sobre escravos, sobre pessoas que serviam a outras.
Paulo compreende que servia a Cristo como um escravo serve a um senhor, abrindo mão da sua própria vontade, para fazer a vontade daquele que o comprou.
Ele não se referia ao termo escravo como nós estamos acostumados a usar, mas como uma pessoa que serve a outra, muitas vezes, por vontade própria.
Para compreender mais sobre esse assunto, sugiro essa leitura adicional: Salvação e senhorio.
Chamado para apóstolo
Ele também se identifica como um homem “chamado para apóstolo”. Ele recebeu esse chamado diretamente de Cristo, em Atos 9.
Como apóstolo, ele entende que sua principal atribuição era levar a mensagem de Cristo para todas as pessoas que pudesse. Segundo o que o Senhor fala para Ananias, Paulo estava sendo escolhido como aquele que levaria o nome de Cristo para os gentios, os reis e os filhos de Israel:
“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.”
Atos 9:15
Separado para o evangelho
Por fim, ele se identifica como alguém “separado para o evangelho de Deus”, ou seja, uma pessoa que não estava mais misturada com outras coisas que não seriam o evangelho.
O termo “separado” utilizado aqui por ele é aphorizō, uma palavra usada para falar sobre alguém que está separado dos outros por limites que ele não pode transpor. Ele usa o mesmo termo em sua apresentação na carta aos Gálatas:
“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.”
Gálatas 1:15-17
Isso significa que tudo o que ele fazia estava voltado para o evangelho de Deus. Se ele trabalhasse, seria para o evangelho, se ele viajasse, seria para o evangelho, tudo e qualquer coisa em sua vida, estaria relacionada com o evangelho de Deus.
Leitura adicional, para compreender melhor este assunto: Estudo de Atos 9.
Aplicação em nossas vidas
Não exatamente da mesma maneira que Paulo, mas nós também somos servos de Cristo, chamados para levar as boas novas e separados do mundo para uma nova vida.
Como servos, temos um Senhor, a quem obedecemos, honramos, fazemos a vontade e buscamos agradar.
O nosso chamado é para que levemos as boas novas e façamos discípulos em todas as nações.
Por fim, fomos separados do mundo,
Leitura adicional: Fomos chamados
O desejo de ir para Roma
Neste trecho da carta, Paulo faz a sua ação de graças por aquela igreja:
“Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.”
Romanos 1:8
Sendo a capital do Império, Roma era uma cidade muito conhecida e habitada por muitos dos gentios convertidos a quem Paulo havia sido designado para pregar. Esse é um dos prováveis motivos pelos quais Paulo desejava ir para Roma.
“Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco.”
Romanos 1:9,10
Alguns estudiosos entendem que, pela carta ter sido escrita no final de sua terceira viagem missionária, Paulo estava percebendo que seu campo missionário ali na região ao leste do Mediterrâneo estava acabando. Por isso, ele tinha o desejo de passar por Roma para ir até a Espanha, levar o evangelho para aquela região.
A salvação pela fé
Os versículos 16 e 17 falam do tema da carta:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”
Romanos 1:16,17
Paulo explica que a salvação é de quem crê, não de uma determinada etnia ou de quem faz determinadas obras. Até a vinda de Cristo, a povo de Deus era o povo de Israel, aqueles que vieram da linhagem de Abraão.
Quando Cristo vem e morre pelos pecados de todas as pessoas, acaba com a separação étnica que existia. Paulo deixa claro que todos os que cressem em Jesus, seriam justificados pela fé. A linhagem onde nasceram, as obras que haviam feito, a vida que haviam vivido no passado, não importava. O que importava era a fé.
Leitura adicional: A justiça de Deus
O conhecimento de Deus
Paulo inicia então sua argumentação em relação a necessidade que temos da fé. Seu argumento se baseia no fato de que todos pecamos e necessitamos da salvação que Cristo nos provê.
Sendo todos nós injustos e pecadores, o resultado óbvio de nossas ações seria a ira de Deus:
“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.”
Romanos 1:18,19
Deus manifestou sua verdade para todos nós através da própria criação, que revela seu poder e sua divindade:
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;”
Romanos 1:20
Quando não aceitamos a verdade revelada através da criação, não abraçando a fé em Cristo, ficamos sujeitos à ira de Deus. Se Cristo se fez pecado por nós, tomando sobre si a culpa e não aceitamos isso pela fé, permanecemos no mesmo estado anterior. Este estado anterior nos coloca na mesma condição do povo de Israel no Velho Testamento que, vez ou outra era objeto da ira do Senhor.
Precisamos entender que, em Cristo, estamos em outra situação e isso muda completamente a nossa vida.
Leitura complementar: A beleza da criação
Entregues ao pecado
Por fim, Paulo faz uma lista de pecados, a consequência de não abraçarmos a fé em Cristo:
“Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!”
Romanos 1:24,25
Aqui entendemos que Paulo não está apontando os erros das outras pessoas, mas sim falando sobre o que acontece com a humanidade como resultado de uma vida distante do Senhor.
Quando andamos segundo a nossa própria vontade, colocando o nosso desejo num lugar que é do Senhor, estamos sendo idólatras. Essa idolatria nos leva a uma vida cada vez mais distante dos padrões de Deus e acabamos escravizados pelo pecado.
Note que, neste primeiro capítulo, Paulo se referiu praticamente o tempo todo aos gentios, falando pouco aos judeus convertidos. Isso se dá pois, na construção do argumento no próximo capítulo, suas palavras ganham mais força.