Em Romanos 11 Paulo finaliza seu argumento em relação à salvação do povo de Israel com um alerta aos gentios convertidos.
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O capítulo está organizado da seguinte forma:
- Deus não rejeitou o seu povo (1 a 5)
- Não é pelas obras (6 a 10)
- A aceitação de Israel é maravilhosa (11 a 15)
- A bondade de Deus na salvação dos gentios (16 a 22)
- A salvação de Israel (23 a 31)
- Para Deus são todas as coisas (32 a 36)
Veremos todos estes tópicos principais com mais detalhes abaixo.
Deus não rejeitou o seu povo
Paulo falou, nos dois últimos capítulos, sobre os motivos pelos quais o povo de Israel não estava aceitando a Cristo e, com isso, não se justificando diante do Senhor. Agora Paulo começa a complementar esta visão com um panorama ainda mais amplo da história do povo de Israel.
Ele abre esta parte da carta respondendo à seguinte pergunta: “Deus rejeitou o seu povo?”:
Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.
Romanos 11:1-4
O argumento do apóstolo aqui é que o fato de existir uma minoria que aceitou a graça é a prova de que Deus não rejeitou o seu povo. Como ele entende que nem todo nascido de Israel é Israelita, como bem explicou no capítulo 9 (versículos 6 a 14), e que ainda existem muitos que estão abraçando a fé em Jesus, não podemos afirmar que Deus rejeitou o seu povo.
Paulo prova isso fazendo o paralelo com a passagem do clamor de Elias, onde o profeta acreditava que apenas ele havia sobrado e Deus lhe mostra que ainda existiam outros sete mil que não haviam se dobrado. Vemos esta história acontecendo em 1 Reis, capítulo 19, dos versículos 13 a 18.
Logo, a argumentação de Paulo se torna simples de entender: Deus não rejeitou o seu povo. Não é por que muitos decidiram tentar se justificar através da própria força, fazendo parte das obras da Lei, que Deus poderá ser considerado injusto.
Isso fala, dentre outras coisas, sobre a nossa responsabilidade em relação à graça. Nós temos a escolha de ouvir sobre a fé, entender com nossas mentes a respeito de Cristo, mas não aceitar. Podemos simplesmente escolher que não queremos morrer com Cristo.
Não faz sentido, olhando para a Palavra, que Deus seja tido como responsável pela decisão das pessoas de não aceitar o Senhor Jesus.
Paulo volta então a falar sobre a salvação pela graça, afirmando que Israel, buscando a justificação pelas obras da lei, não consegue nada, enquanto alguns aceitaram a graça de Deus:
“Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.”
Romanos 11:6,7
A aceitação de Israel
Após isso, Paulo afirma que a rejeição de Israel levou a graça até os gentios. Esse é um argumento extremamente importante neste ponto da carta:
“Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação.”
Romanos 11:11
Além disso afirma também que isso aconteceu para que o próprio povo de Israel fosse tocado pela situação. Note como Paulo afirma que eles tropeçaram, mas não caíram e que esse tropeço deles foi para levar a salvação aos gentios.
Ou seja, tudo o que estava e está acontecendo com o povo de Israel, está sendo usado por Deus para um propósito maior. A primeira parte desse propósito foi que os gentios fossem alcançados.
Além disso, Paulo fala que, se a queda de Israel, ou seja, o fato de muitos não aceitarem a fé como único caminho para a justificação, é algo bom para os gentios, afirma que muito melhor será a plenitude, ou a restauração, desse povo:
“E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”
Romanos 11:12
Para deixar o argumento mais intenso, Paulo afirma:
“Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?”
Romanos 11:15
Muitos acreditam que aqui Paulo está falando sobre o fim dos tempos, quando Cristo voltar, os mortos ressuscitarem e o povo de Israel ser redimido.
O ponto a se refletir aqui é: tudo o que aconteceu na história, está sendo orquestrado magistralmente pelo Senhor. Isso não significa que Deus concorda com o que aconteceu com o povo de Israel, mas que Ele está usando tudo isso para um propósito maravilhoso.
A questão então é: o que nós estamos fazendo, está de acordo com os planos do Senhor ou indo contra a Sua vontade? Se estivermos indo contra a vontade do Senhor, os únicos que perdem somos nós mesmos, pois os planos do Senhor não vão se frustrar.
A bondade de Deus
A seguir, Paulo deixa claro que a posição dos gentios não é melhor que a posição dos Israelitas:
“E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.”
Romanos 11:17,18
Alguns gentios convertidos, aparentemente, estavam se considerando superiores aos Israelitas que não haviam aceitado a Cristo como Senhor. Paulo então, de maneira direta e dura, lhes mostra a realidade de que Israel, apesar de tudo, ainda é o povo escolhido pelo Senhor.
Note como Paulo afirma que quem sustenta os ramos (os gentios), é a raiz (o povo de Israel) e não o contrário.
Trazendo para uma aplicação para nossas vidas, isso nos mostra que somos tão dependentes da graça quanto qualquer outro povo. Ou seja, jamais podemos afirmar que nós somos os que vão se salvar e os outros não.
A salvação de Israel
Paulo também fala sobre a salvação futura de Israel, numa passagem complexa e que gera muitas discussões:
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados.”
Romanos 11:25-27
Note como o próprio apóstolo afirma que isso é um mistério (na tradução ARC utilizou-se a palavra “segredo”): o coração do povo de Israel veio para que os gentios fossem alcançados. Quando atingirmos a plenitude desse tempo, todo o Israel será salvo novamente.
Aqui existe uma discussão sobre o que significa essa salvação de Israel, eu estou de acordo com alguns teólogos que argumentam que Paulo está falando sobre uma parte significativa do povo de Israel que vai se converter, aceitando que a justificação é pela fé, e não sobre todo o povo.
Essa explicação é válida pois não podemos pensar que o povo de Israel, pelo fato de muitos terem rejeitado Cristo, deixou de ser o povo de Deus. Deus tem uma aliança eterna com esse povo:
“E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de ti. E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu Deus.”
Gênesis 17:7,8
Não seria coerente com o caráter imutável de Deus desfazer essa aliança com o povo. Por isso nunca podemos nos esquecer da importância dos Israelitas para a fé cristã. Os gentios foram alcançados pelo tropeço de Israel, mas esse tropeço não foi uma queda e, dentro em breve, o povo de Israel vai começar a aceitar cada vez mais a fé em Cristo, e isso será uma grande salvação para eles.
Nosso papel é continuarmos firmes no Senhor e orando para que esse povo seja cada dia mais abençoado.
Tudo é para Deus
Por fim, Paulo fala que todas as coisas acontecem conforme a vontade de Deus e não conseguimos entender a Sua sabedoria:
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!”
Romanos 11:33-36
Todas as coisas são para Senhor, através dele e por ele. A glória é toda para Ele e nosso papel é nos mantermos nos seus maravilhosos caminhos.