Romanos 4 é um capítulo do Novo Testamento da Bíblia que contém a carta escrita pelo apóstolo Paulo à igreja cristã em Roma. Neste capítulo, Paulo discute a fé de Abraão, considerado o pai do povo judeu e uma figura chave na história do cristianismo.
Paulo começa o capítulo afirmando que Abraão foi justificado pela fé, não por obras. Este é um conceito importante na fé cristã, porque ensina que as pessoas são reconciliadas com Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e não por seus próprios esforços para seguir a lei ou realizar certas ações.
Para apoiar essa ideia, Paulo cita o exemplo de Abraão, que foi justificado pela fé antes mesmo de ser circuncidado. A circuncisão era um sinal da aliança entre Deus e o povo judeu, e era um requisito para todos os homens judeus. No entanto, Paulo argumenta que Abraão foi justificado pela fé mesmo antes de ser circuncidado, o que sugere que a justificação vem pela fé e não pelas obras da lei.
Paulo continua explicando que a fé de Abraão foi creditada a ele como justiça, o que significa que Deus considerou Abraão justo por causa de sua fé. Esse princípio é importante para os cristãos, porque ensina que as pessoas se reconciliam com Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e não por seus próprios esforços para seguir a lei.
Na última parte do capítulo, Paulo discute o papel da fé na vida cristã. Ele argumenta que aqueles que são justificados pela fé são herdeiros da promessa que Deus fez a Abraão, e que essa promessa é cumprida por meio de Jesus Cristo. Ele também observa que a fé é necessária para a salvação, porque sem fé é impossível agradar a Deus.
Paulo conclui o capítulo afirmando que o princípio da justificação pela fé não se limita a Abraão, mas está disponível para todas as pessoas que têm fé em Jesus Cristo. Ele argumenta que esse princípio se aplica tanto a judeus quanto a gentios (não-judeus), e que é pela fé em Jesus Cristo que as pessoas são reconciliadas com Deus e se tornam herdeiras da promessa que Deus fez a Abraão.
Neste capítulo os seguintes pontos são apresentados:
- A justiça sem obras em Abraão e Davi (1 a 8)
- A justiça na incircuncisão (9 a 12)
- A justiça da fé que traz a promessa (13 a 15)
- A fé de Abraão (16 a 22)
- A nossa fé (23 a 25)
Veremos alguns deles em detalhes.
Vídeo do estudo
A justiça sem obras
Após mostrar que a lei não salva, Paulo agora mergulha no argumento de que nós somos justificados pela fé. Ele inicia sua exposição mostrando que, na própria Torá, entendemos que Abraão foi justificado pela fé:
“Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.”
Romanos 4:2,3
Usar esse argumento foi muito importante pois os judeus que leriam essa carta tinham em grande admiração Abraão, crendo muitas vezes que ele poderia se vangloriar diante de Deus por conta de suas obras.
Paulo mostra para eles, com tudo o que havia falado até aqui, que Abraão poderia até ter feito boas obras, mas isso não o justificaria e nem faria com que ele pudesse se gloriar diante de Deus, pois ele também era um homem pecador.
A passagem à qual Paulo se refere é essa:
“Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Então, disse Abrão: Senhor Jeová , que me hás de dar? Pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer. Disse mais Abrão: Eis que me não tens dado semente, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. E eis que veio a palavra do Senhor a ele, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de ti será gerado, esse será o teu herdeiro. Então, o levou fora e disse: Olha, agora, para os céus e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua semente. E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça.”
Gênesis 15:1-6
Por isso é importante que entendamos muito profundamente o livro de Gênesis, de maneira que todas essas referências sejam claras para nós e não tenhamos dúvidas sobre a veracidade do que Paulo está falando.
Se todos pecaram, como ele nos mostrou no capítulo anterior, Abraão também pecou. Se Abraão pecou, ele não tem do que se gloriar diante de Deus, não são as obras de um homem pecador que o salvariam. Além disso, a própria história de Abraão mostra, sem sombra de dúvidas, que ele foi justificado pela fé.
Após isso, Paulo argumenta que, caso a obra levasse à justificação, isso não seria graça de Deus, mas sim merecimento humano:
“Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.”
Romanos 4:4,5
Por isso, não adianta pensar que o fazer boas obras é o que nos levará à salvação. Somos salvos pois Cristo morreu por nós, pagando o preço dos nossos pecados e satisfazendo a justiça de Deus. A nossa fé nEle é que nos torna justos diante de Deus.
A justiça na incircuncisão
Além disso, Paulo também mostra que não é a circuncisão que torna uma pessoa justa, pois Abraão foi justificado pela fé antes de sua circuncisão:
“Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.”
Romanos 4:9,10
Logo, se Abraão foi justificado sem as obras da lei, pela fé, sendo ainda incircunciso, isso significa que a justificação pela fé está disponível para todo aquele que crê em Cristo, e não apenas para os judeus.
Apesar de Paulo ter iniciado esse argumento anteriormente, esse aprofundamento no assunto é essencial para que qualquer dúvida sobre o assunto seja esclarecida.
A cronologia de Gênesis é a favor do argumento de Paulo. Abraão tinha 86 anos quando Ismael nasceu, como vemos em Gênesis 16:16. Tinha 99 anos quando foi circuncidado. Entretanto, Abraão foi considerado justo, muito antes disso acontecer, como vimos no ponto anterior.
A promessa
Então Paulo fala sobre a promessa feita a Abraão e como ela certamente se estende a todo aquele que crê, não sendo limitada aos judeus:
“Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé. Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada.”
Romanos 4:13,14
Se a promessa, feita em Gênesis 12:3 e reforçada várias vezes, foi feita antes dele ser circuncidado, foi feita na fé. Se foi feita na fé, ela vale para todos os que são justificados pela fé.
“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”
Gênesis 12:3
A promessa se cumpriu em Cristo e está disponível para todas as pessoas.
A fé de Abraão
Após demonstrar que todos nós somos justificados pela fé, Paulo fala sobre a fé de Abraão:
“O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.”
Romanos 4:18,19
A fé é a certeza do poder divino e a não confiança na nossa força. Abraão não tinha forças ou condições de, aos olhos humanos, ter um filho com sua esposa, sendo ambos já avançados em idade. Porém, crendo contra as evidências, a sua fé em Deus o torna justo.
A nossa fé
Por fim, Paulo fala sobre a fé que devemos ter:
“Ora, não só por causa dele está escrito que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.”
Romanos 4:23-25
Essa é a base da nossa fé: crer que Jesus é o Senhor, que ele foi entregue para pegar o preço dos nossos pecados e que, para nossa justificação, Ele ressuscitou e está vivo.
Se nessa base estamos de acordo e vivemos segundo ela, as diferenças menores têm menos importância. Precisamos crer que não somos justificados pelas nossas obras, mas sim pela fé em Cristo, que não é nosso mérito, mas sim graça de Deus sobre nós.
A partir daí, se nos vestimos da maneira A ou B, se temos a liturgia X ou Y, isso é menos importante.