Romanos 6 é um capítulo do Novo Testamento da Bíblia que aborda a questão de como os cristãos devem viver em virtude de sua salvação pela fé em Jesus Cristo. O capítulo apresenta duas perspectivas contrastantes sobre esse assunto.
Uma perspectiva é que os cristãos morreram para o pecado na batismo e foram ressuscitados para uma vida nova em Cristo, e portanto, eles não devem mais viver no pecado, mas sim viver como servos da justiça. De acordo com esse ponto de vista, os cristãos se tornaram unidos a Cristo em sua morte e ressurreição e devem considerar-se mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo. Eles são incentivados a apresentar seus corpos como instrumentos de justiça a Deus e a viver de acordo com sua nova identidade em Cristo. Essa perspectiva enfatiza o poder transformador da salvação em Cristo e a responsabilidade dos cristãos de viver como novas criações, dedicadas a servir a Deus.
Outra perspectiva de Romanos 6 é que ela destaca a tensão entre nossa natureza pecaminosa e nossa nova identidade em Cristo. Esse ponto de vista reconhece que, embora os cristãos tenham sido libertados do poder do pecado, a tentação de pecar ainda existe dentro deles. Os cristãos são incentivados a resistir à atração do pecado e a viver de acordo com sua nova identidade em Cristo, mas é reconhecido que o pecado ainda pode persistir em suas vidas e que eles continuarão a lutar contra ele. Esse ponto de vista enfatiza a luta contínua entre a carne e o Espírito nas vidas dos cristãos e a importância de continuamente buscar aprimorar sua relação com Cristo. Ele reconhece que os cristãos ainda são caídos e imperfeitos, mas que foram feitos novos em Cristo e têm potencial para viver vidas agradáveis a Deus.
Em conclusão, Romanos 6 apresenta uma compreensão sutil e complexa da vida cristã, englobando tanto o poder transformador da salvação em Cristo quanto a luta contínua contra o pecado. Encoraja os cristãos a viverem de acordo com sua nova identidade em Cristo e a continuarem buscando aprimorar sua relação com Ele, ao mesmo tempo em que reconhece que eles ainda enfrentarão tentações e desafios ao longo do caminho.
Romanos 6 é uma continuação do assunto abordado por Paulo no capítulo 5: se somos justificados pela fé e isso é graça de Deus sobre nossas vidas, alguns poderiam argumentar que poderíamos pecar, para que a graça se manifestasse ainda mais. Paulo repudia isso nesse capítulo e deixa muito clara a nossa posição em relação ao pecado e nosso relacionamento com a cruz de Cristo.
Os seguintes assuntos são apresentados nesse capítulo:
- A graça não justifica o pecado (1 e 2)
- Mortos para o pecado (3 a 7)
- Vivos para o Senhor (8 a 14)
- O pecado e a graça (15 a 17)
- O fruto da santificação (18 a 22)
- O salário do pecado (23)
Vamos detalhar estes pontos.
Vídeo do estudo
A graça e o pecado
Paulo começa então a abordar uma possível heresia que poderia surgir dado tudo o que ele falou:
“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”
Romanos 6:1,2
Ou seja, já que a graça é mais abundante que o pecado, que a graça é boa e que quanto mais pecado, maior a graça, podemos então pecar mais, para que a graça seja ainda maior?
Apesar de parecer absurdo, ramificações desse pensamento são mais comuns do que pensamos.
Paulo já deixa a resposta pronta: se estamos mortos para o pecado, como viveremos nele?
É com base na verdade de que morremos para o pecado, que ele continua sua exposição:
“sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado.”
Romanos 6:6
O que o apóstolo nos ensina é que morremos para o pecado, ou seja, não existe mais nada em nós que deveria viver em pecado, que deveria aceitar o pecado. Nosso velho homem morreu na cruz, não precisamos e nem devemos mais servir ao pecado.
Paulo não está afirmando que não pecaríamos mais, que passaríamos a vida toda sem cometer mais nenhuma falha. O que ele está ensinando aqui é que não precisamos mais do pecado, não somos mais escravos do pecado, não estamos mais presos. Nós podemos viver uma vida livre e santa. Viver pecando não é uma opção para um cristão.
Ele continua:
“Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;”
Romanos 6:11,12
Aqui ele reforça o ponto de que não podemos permitir que o pecado reine em nós, ou seja, que estejamos debaixo da prática recorrente do pecado, presos naquele pecado.
Novamente, é importante fazer a distinção daquilo que significa viver em pecado e pecar. Viver em pecado é estar aprisionado a um pecado do qual você não consegue se desvencilhar. Cometer um pecado é algo que, apesar de não dever acontecer, pode ser que ainda aconteça vez ou outra, poucas vezes, mesmo com um verdadeiro cristão.
Isso não nos dá a liberdade de cometer um pecado, pelo contrário, o pecado não pode ser aceito em nós, pois não estamos mais aprisionados nele.
Paulo sela a questão explicando:
“Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum! Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?”
Romanos 6:15,16
O fruto da santificação
Precisamos também entender que, livres do pecado como somos, o nosso fruto é para a santificação e isso nos leva à vida eterna:
“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.”
Romanos 6:20-22
Enquanto na graça e na santificação, temos vida, no pecado temos morte:
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Romanos 6:23
A escolha de qual caminho seguir é nossa. Jesus já nos libertou do poder do pecado, já não precisamos mais viver sob o pecado.
Tendo recebido essa graça e sabendo dessa verdade, só podemos concluir que, se voltamos para a prática consciente do pecado, para uma vida de pecados, é pois fizemos essa escolha. Ninguém nos obrigou a pecar se o pecado já não tinha mais poder sobre as nossas vidas. Foi a nossa inclinação da carne que nos levou de volta à lama do pecado. Por isso, o salário do pecado é a morte, mas a graça de Deus, se a recebemos, nos leva à vida eterna.
Morremos para o pecado. Vivemos para Cristo. Isso é graça sobre nós.