O capítulo 3 de Tiago é um capítulo com passagens muito famosas. Mais um capítulo cheio de aplicações práticas para nossas vidas.
Neste capítulo veremos, basicamente, dois assuntos:
- Dominar a língua (1 a 11)
- A sabedoria do alto (12 a 18)
Vídeo do estudo
Dominar a língua
Neste capítulo Tiago fala sobre como o cristão deve controlar as suas palavras:
“de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.”
Tiago 3:10
Ensinando-nos que precisamos tomar cuidado pois nossas palavras podem ser destruidoras. Com nossa boca podemos abençoar as pessoas, louvar a Deus, orar, ajudar, mas também podemos causar muitos males.
Falando sobre os males que nossas palabras podem causar, ele diz:
“A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.”
Tiago 3:6
Com palavras duras, Tiago nos diz que nossa língua é inflamada pelo inferno. Aqui o ponto de reflexão é importante: muitas vezes não damos a devida atenção ao que falamos, ao mal que estamos causando e quem está usando nossas palavras. É comum pensarmos que existem outros pecados mais “pesados” do que os que cometemos com nossas palavras, mas Tiago é muito enfático ao dizer que nossa língua é inflamada pelo inferno.
Ao mesmo tempo em que diz que devemos tomar cuidado com nossas palavras, Tiago diz que ninguém é capaz de controlar suas palavras:
“mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.”
Tiago 3:8
Se nenhuma pessoa pode domar a língua e ela é inflamada pelo inferno, o que podemos fazer? Simplesmente aceitamos isso e deixamos que o próprio mal use nossas palavras? Claro que não, o próprio Tiago responde a essa pergunta:
“Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.”
Tiago 3:4
Tal qual um navio, que é controlado por um pequeno leme, a língua controla todo nosso proceder. Porém, tal qual o leme tem alguém dirigindo, nossa língua tem alguém governando. Pode ser o próprio inferno, como Tiago disse, ou pode ser o Senhor, através do Espírito Santo. A pergunta então é: quem está governando nossa vida?
O teste para chegarmos à essa resposta é justamente o da análise das nossas palavras. Se temos usado nossa boca para exclusivamente para o bem, bem estamos e podemos afirmar que o governo de nossas vidas é do Senhor. Se, ao invés disso, temos usado nossa língua para o mal, então podemos afirmar que o governo de nossas vidas não têm sido do Senhor.
Como essa resposta pode não ser tão fácil de aceitar, nossa oração deve ser a do Salmo 141:
“Senhor, a ti clamo! Escuta-me! Inclina os teus ouvidos à minha voz, quando a ti clamar. Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde. Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.”
Salmos 141:1-3
Por fim, vale a reflexão sobre o que o teólogo Warren Wiersbe diz:
“A inconsistência da língua mostra que há algo de errado com o coração”
Warren W. Wiersbe – Comentário Bíblico Wiersbe
A sabedoria do alto
Tiago continua a carta então nos apresentando mais um contraste, desta vez falando sobre os dois tipos de sabedoria que temos: a do alto e a terrena. Sobre a sabedoria do alto, ele destaca uma série de atributos:
“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
Tiago 3:17,18
- Pura (hagnos): imaculada, não tem pecado, é uma sabedoria que não nos leva a nenhum tipo de pecado;
- Pacífica (eirenikos): tranquila, que ama a paz, uma sabedoria que busca a paz com todas as pessoas;
- Moderada (epieikes): conveniente, indulgente, uma sabedoria que não se comporta indevidamente no ambiente em que está, que é gentil;
- Tratável (eupeithes): disposta a ceder, facilmente persuadida, ou seja, uma sabedoria que aprende com o próximo, que não é dona da razão;
- Cheia de misericordiosa (eleos): bondade, boa vontade ao miserável e ao aflito, uma sabedoria que ama ao próximo, que se compadece das dores alheias e não olha apenas para a própria vida;
- Cheia de bons (agathos) frutos (karpos): que gera coisas boas, que tem proveito, que tem valor na vida eterna;
- Imparcial (adiakritos): sem dúvida, ambiguidade, ou incerteza, uma sabedoria que não vacila entre dois pensamentos distintos;
- Sem hipocrisia (anupokritos): sincera, que não tem fingimento, ou seja, uma sabedoria que não tenta enganar, de maneira nenhuma.
Essas são as características da sabedoria do alto, que é completamente diferente da sabedoria humana. A sabedoria que Deus nos dá é algo que vai gerar os bons frutos que vimos no capítulo 2.
Mais uma vez aqui a aplicação é muito prática: devemos analisar tudo o que fazemos e pensamos com base nessa lista de características dadas por Tiago para a sabedoria. O que estamos fazendo e pensando se baseia numa sabedoria humana ou numa sabedoria do alto?
Temos muitas correntes de pensamentos, dentro e fora da igreja, muitos tipos de sabedorias distintas. Quando utilizamos esse crivo de sabedoria que Tiago nos mostra, podemos facilmente discernir se aquilo é algo que vêm do Senhor para nossas vidas ou se é algo humano.
Relacionado a este texto de Tiago, vale lembrarmos de Provérbios 3:
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isso será remédio para o teu umbigo e medula para os teus ossos.”
Provérbios 3:5-8
Desafios do capítulo
Para o capítulo de hoje, os desafios são os seguintes:
- Comente sobre um exemplo de sabedoria do alto que se encaixa em algumas características do que Tiago nos ensina aqui no capítulo 3;
- Comente sobre qual texto deste capítulo lhe chamou mais a atenção e por qual motivo.
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