Como pode ser isso? Será que estou ficando louco? Com tantas grandes gravadoras gospel, com a chegada da Sony no segmento e outras grandes querendo entrar, como eu posso falar sobre a desvalorização do gospel?
Vivemos num tempo onde poucas coisas estão tão valorizadas quanto o gospel. Temos rock gospel, metal gospel, nu metal gospel, black metal gospel, rap gospel, reggae gospel, água gospel, balada gospel, luta livre gospel, sex shop gospel (sim, existe), sorveteria gospel, padaria gospel, roupa gospel, fã clube gospel, tudo é gospel hoje em dia. Como costumava dizer um homem por aí: “nunca antes na história deste país” se viu tanta valorização do gospel.
E não pára por aí não, artistas seculares têm se convertido à artistas gospel, e a lista é tão, mas tão extensa que nem vou me dar o trabalho de começá-la. E, como diriam alguns: “Eita Deus maravilhoso!”.
Ahh, eu esqueci: temos feira de música gospel, uma rua inteira de lojas de produtos gospel, aqui em São Paulo temos de tudo o que você quiser na sua versão gospel. E shows, muitos shows gospel, de todas cores, de todos os sabores que você quiser.
Mas, como você deve estar imaginando, este post mostrará um pouco daquele meu lado ácido que eu tomo tanto cuidado para deixá-lo morto – eu falarei sobre isso em outra ocasião – e, por hora, você está certo.
No meu tempo, como se eu fosse muito velho, a palavra “gospel” tinha outro sentido, um que talvez você desconheça: a palavra “gospel”, ainda era a versão abreviada de “God spell” ou, em português com tradução livre, “Palavra de Deus”, “Fala de Deus” ou, a que eu prefiro, “Evangelho”.
E eu fico aqui me perguntando: onde foi que perdemos o significado disso e passamos a associar esta palavra com toda e qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, que se relacionasse até minimamente com as igrejas evangélicas? Por que será que não vejo, nas coisas ditas gospel, o evangelho de Deus?
Não quero e não vou generalizar, nem julgar ninguém, não é meu papel. Só quero que você reflita meu amado no seguinte: gospel está relacionado ao evangelho, palavra de Deus, será que aquilo que você está chamando de gospel realmente tem algo a ver com o que Jesus pregou?
Se temos tantos e tantos shows e eventos gospel, por que será que não vejo o gospel verdadeiro nestes lugares? Por que será que não vejo a palavra de Deus sendo levada para estas pessoas, mas vejo apenas entretenimento que só agrada a homens e que, talvez, nem agrade a Deus.
Eu falo por experiência própria, já fui em show gospel que parecia balada de formatura do terceiro colegial: tinha uma parede inteira de crente se beijando, um do ladinho do outro, como um exército de beijoqueiros profissionais.
Mas também já fui em SOS da vida, há muito tempo atrás, onde vi o Estevão pregando com intrepidez o verdadeiro do evangelho, o verdadeiro gospel. Não sou da Renascer e nunca fui, não apoio muitas coisas que lá aconteceram, mas admito que já vi este homem ser muito usado por Deus.
Já fui em show em que vi vários artistas simplesmente cantarem para entretenimento, mas também vi um Robson Nascimento indo para pregar, tomado pelo Espírito, enquanto todos esperavam mais um show.
Não vou separar o joio do trigo, não vou apontar meu dedo para um ou para outro, mas vou nomear o que vi de bom. E tudo isso falo, não para julgar ninguém, mas para te alertar: cuidado com o que é dito gospel. Gospel é a palavra da verdade, aquela que ainda liberta, e não prende com boas músicas e boas performances.
Amado, seja onde estiver, seu foco deve ser adorar a Deus, tem muita gente fazendo isso ainda, mas também tem muita gente usando a palavra gospel da maneira errada. Sejam ótimos no que fazem, como realmente são, mas não tirem o sentido real desta palavra.
Por isso tudo digo e repito: Estamos num momento onde o gospel está totalmente desvalorizado.
Paz.
Escrito ao som de: Livres para adorar, Vineyard Piratininga, Adoração e Adoradores