Após as observações de Jó a respeito de sua situação e as considerações de Eliú, Deus resolve falar e mostrar a Jó o que Ele pensava sobre tudo o que havia sido dito.
Jó, por alguns instantes questionou seu estado, considerando ser injusta sua atual situação. Com palavras mostrou suas qualidades e discorreu sobre o porquê dele considerar tudo aquilo errado.
“Porventura não é a perdição para o perverso, o desastre para os que praticam iniqüidade? Ou não vê ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos… Ah! quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu desejo é que o Todo-Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro” (Jó 31:3,4,35)
O primeiro problema acontece aqui, quando nos achamos bons ou justos o suficiente para requerermos alguma coisa de Deus, para questionarmos suas decisões. Assumir ou reconhecer que o que se passou com Jó foi correto da parte de Deus não é tarefa das mais simples. Jó era um homem bom e correto, que andava nos caminhos do Senhor, por qual motivo Deus deixaria o diabo tirar tudo o que ele tinha? Não era minimamente correto o questionamento de Jó?
Aparentemente, aos olhos do Pai, este questionamento não era correto. O fato é que não temos como questionar as coisas que acontecem com justificativas baseadas em obras ou no nosso caráter.
E isso é muito comum: justificar é algo mais tangível, estamos mais acostumados a trabalhar com o sistema de compensação, onde somos recompensados por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. Neste sistema, Jó se torna totalmente digno de toda a sorte de bençãos. Porém Deus não trabalha assim, a justiça dEle é perfeita e não se apega às obras, não depende do nosso entendimento. O que é ótimo para nós, uma vez que se Sua justiça em algo qualquer assemelhasse-se com a nossa, é certo que estaríamos condenados.
Quantas vezes nós mesmos já não questionamos a Deus ou rejeitamos a Sua vontade por nos acharmos corretos? Nós reivindicamos bençãos, declaramos uma e outra coisa, repreendemos outras, como se nós pudéssemos decidir o melhor caminho. Eu não sou contra profetizar ou declarar em fé algumas coisas, mas isto deve partir do relacionamento com o Espírito Santo e não de nossa vontade ou de nosso falho senso de justiça.
Nós devemos entender que, mesmo que o que Deus faz nos pareça estranho, talvez até mesmo errado, é o melhor para nossas vidas. Esta é a mesma fé que Abraão teve quando Deus lhe pediu Isaque em sacrifício, a mesma fé que Daniel teve ao entrar na cova dos Leões. Mesmo que eles não julgassem justo tudo aquilo, mesmo que, internamente, aquilo desagradasse a eles (não que eles tenham ficado assim, isto é apenas um exemplo), eles sabiam que era o melhor, pois era a vontade de Deus. Com certeza todos saíram do outro lado com a fé provada e aprovada.
Nós mal podemos passar por um aperto que já começamos a nos achar justos o suficiente para receber o que nós julgamos ser o melhor de Deus, sem conseguir perceber que o melhor de Deus já está acontecendo.
Precisamos aceitar tudo o que acontece? Não, muito pelo contrário, se eu ficar doente não vou imaginar que estou passando pelo mesmo que Jó, vou sim ir procurar um médico. Se eu ficar desempregado, vou procurar emprego, mas quando eu perceber que algo que está acontecendo comigo vem de Deus, vou saber que é o melhor para mim, mesmo que eu não consiga ver isso com clareza. Por este motivo, comunhão com o Espírito Santo é fundamental neste processo de entender e viver a soberania de Deus.
A vontade dEle, soberana, é sempre o melhor para nossas vidas.
Leia a próxima parte desta série: A inquestionável soberania de Deus – Parte II.
Paz.