“E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava. E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho. E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho. Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência. Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no deserto de Berseba. E consumida a água do odre, lançou o menino debaixo de uma das árvores. E foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou. E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação. E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi encher o odre de água, e deu de beber ao menino. E era Deus com o menino, que cresceu; e habitou no deserto, e foi flecheiro. E habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe mulher da terra do Egito.”
Gênesis 21:9-21
Vou dar um pouco de contexto sobre esta história para que você possa entendê-la melhor.
Quem são os personagens desta história?
Para entendermos bem essa história, precisamos conhecer um pouco os personagens que estão participando disso.
- Abraão: pai da nação de Israel, ele é o patriarcar que, neste tempo, tinha a promessa de Deus de que dele sairia uma grande nação;
- Sara: Esposa de Abraão. Mãe de Isaque
- Agar: Serva de Sara, Egípcia. Mãe de Ismael
- Isaque: Filho de Abraão com Sara
- Ismael: Filho de Abraão com Agar. Mais velho que Isaque
- A voz do anjo: Não temos informações sobre este anjo, apenas sabemos que falou com Agar nesta passagem
Consequências destas decisões todas
Isaque e Ismael, e as nações que nasceram destes dois homens têm um histórico de desentendimentos que é arrastado até os dias hoje.
Aparecem com destaque quando compram José de seus irmãos e os vendem para os Egípcios. Já muito mais próximo de nosso tempo, os estudos indicam que foi a partir dos Ismaelitas que o povo Árabe foi formado.
Após o massacre de milhões de judeus na segunda guerra, a ONU separou a palestina em dois territórios, um para os judeus e outro para os árabes. O povo Árabe não aceitou isso e, desde então, muitas guerras foram travadas contra os judeus e problemas diversos surgiram. Lógico que, aqui no post estou simplificando em excesso uma história que é muito mais complexa que isso.
O que aprendemos nesta história
Existem uma série de ensinamentos que podemos extrair desta passagem. Dei este contexto acima para facilitar a extração destes entendimentos.
Um dos ensinamentos que temos aqui é sobre o amor de Deus no que estou chamando de: a maior briga de família da história.
Ismael, apesar de ser filho de Abraão, não era o filho da promessa. Foi fruto da ansiedade (opinião minha) de Abraão e Sara e da sua falta de entendimento do que Deus faria.
Mesmo não sendo o filho da promessa, Deus cuida dele, o multiplica e o abençoa. Mesmo ele tendo zombado de seu irmão mais novo, Deus o ama. Mesmo ele estando numa situação terrível de fome e sem esperanças, Deus olha para ele, salvando ele e sua mãe.
Tanto naquela época, com o desentendimento de Sara e Agar, quanto nos milênios seguintes, com o povo Árabe e o povo Judeu, os conflitos e problemas continuaram. Apesar de terem sido todos gerados a partir da mesma linhagem, os problemas persistiram.
Relaciono isso com esta passagem:
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.”
Efésios 2:10-22, grifo meu
Cristo, de todos os povos, Israelitas e gentios, nos fez um. Não existe mais diferença entre judeu e gentio, a salvação veio para todos através cruz, o espírito foi dado a todos. Não existe mais separação entre os povos, todos foram reunidos em Cristo.
A paz perdida nestes milhares de anos, foi restabelecida através da entrega de Cristo. A separação entre povos e a separação entre Deus e a humanidade teve um fim na cruz.
Se entendêssemos isso, muitas coisas na nossa vida mudariam.
A pergunta que ainda fica é: como aplico isso na minha vida diária? O que isso muda para mim?
A aplicação prática na vida da maioria das pessoas usa a mesma base: somos todos iguais. Não somos melhores que as outras pessoas, não somos piores que as outras pessoas e devemos, temos a obrigação, de nos amar.
Isso significa que os desentendimentos que você tem, as brigas que você tem com o seu chefe, com sua esposa ou com seu esposo, perdem importância diante da realidade da paz de Cristo. Ele é a nossa paz.
“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
Mateus 22:37-40
Tudo o que devemos fazer é amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Quando fizermos isso, quando aplicarmos isso verdadeiramente nas nossas vidas, tudo vai mudar.
Decisões que encontro nessa história
Existe um outro entendimento que pode ser extraído dessa história que é o do impacto das nossas decisões.
Vamos ver algumas decisões que encontramos nessa história:
- Sara decide dar um filho para Abraão através de Agar, sua serva
- Abraão decide concordar com a ideia de Sara
- Ismael decide zombar de Isaque
- Sara decide expulsar Agar
- Abraão decide concordar com a ideia de Sara, de novo
- Agar decide abandonar o menino para morrerem
- Agar decide atender à voz do anjo
Essas decisões, muitas delas erradas, levaram à separação de dois povos que deveriam ser irmãos. Dezenas de guerras, milhões de pessoas mortas, muitas delas civis, por conta de decisões erradas que foram tomadas milhares de anos atrás.
A pergunta de aplicação prática e simples que fica aqui para nossas vidas é: qual decisão você está tomando agora que vai afetar a sua vida, que vai afetar a vida dos seus filhos e da sua família?
Quais decisões você deveria estar tomando e o que você precisa mudar?