Vivemos num mundo religioso ao extremo. Todos, de alguma forma procuram se apegar a uma divindade na expectativa de obter dias melhores ou, ao menos, dias mais amenos. Dias menos ruins que os de outrora, que os anteriormente vividos. Ou seja, esperam obter, proveniente de um deus ou de deuses, uma vida melhor.
Mas o que é, afinal, religião? Etimologicamente falando, encontramos sua raiz na palavra religare, proveniente do latim, cuja tradução literal é “religar”. Isso nos dá a ideia de que religião é uma forma de o homem se religar com seu Criador.
Segundo os dicionários, religião é a “crença na existência de força ou forças sobrenaturais; manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios”.
Para Karl Marx a religião é o ópio do povo, célebre afirmação contida em sua obra “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, publicada em 1844. Antes de tal assertiva, afirma que “(…) a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a se perder”. Ao menos nisso, devo concordar com o aludido filósofo ateu. Isso porque entendo que, de fato, religião é o refúgio das pessoas que ainda não se encontraram, justamente porque ainda não encontraram Cristo. Como afirmou Agostinho: “Oh, Deus! Inquieto bate o meu coração até que possa descansar em Ti”. Ou Dostoiévsky: “O coração do homem tem um vazio do tamanho de Deus”.
Um dos hinos da harpa cristã define, em suas entrelinhas e à maneira do compositor sacro, o que é a religião: “(…) meios de salvar-se inventa: clama, roga em seu favor a supostos mediadores (…)”.
Religião é uma tentativa vã de se decodificar o mundo, ou os mundos, e tudo o que neles há. Digo os mundos porque nada escapa de tais decodificações, sejam as coisas tangíveis, sejam as intangíveis: o homem, os elementos da natureza, os planetas, os céus, a alma, o bem, o mal, os anjos e, pasmem, até Deus! Sim, a religião tenta definir até mesmo Deus. Ou seja, tentam definir o indefinível. Fala-se de Deus como se Deus fosse algo de que se pode falar. Mas Deus transcende a tudo. Se consegue-se definir um deus, não é Deus. Deus ultrapassa todo e qualquer entendimento humano. Nunca nessa vida conseguiremos entender Deus em sua plenitude.
Religião é o homem tentando se aproximar de Deus por seus próprios méritos. Em vão. Nunca conseguirá.
Mas Deus providenciou uma forma de nos religarmos a Ele, ao entregar Seu Filho Jesus para o Sacrifício Perfeito. Para morrer substitutivamente uma morte que eu e você merecíamos.
Enquanto Jesus nos alivia (Mt 11.28), a religião impõe pesados fardos. Enquanto Jesus traz paz, a religião traz obrigações. Enquanto Jesus quer nossa sinceridade, a religião quer sacrifícios. Enquanto Jesus dá perdão, a religião aponta e condena. Enquanto Jesus olha para o coração, para o interior, a religião demonstra uma incrível preocupação com o exterior. Enquanto Jesus fala conosco com Sua terna voz, a religião apresenta incontáveis dogmas, regras, regulamentos. Enquanto Jesus, que é Deus, nos apresenta Seus mandamentos e não coage ninguém a obedecê-los, a religião tenta forçar a obediência a mandamentos elaborados por homens.
Por essas e outras estou cada vez mais convicto das verdades bíblicas e, por conseguinte, a cada dia tenho mais aversão a religião. Definitivamente: de religião eu quero é distância.
Mais Jesus, menos religião!
Soli Deo Gloria
Autor: Alessandro Cristian – extraído de em construção…
Escrito ao som de: silêncio