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Estudo do evangelho de João 16

Este capítulo de João 16 ainda conta com a continuação do discurso de Jesus na Santa Ceia. As instruções dadas por Cristo para seus discípulos neste momento ainda aparecerão no capítulo 17. É um discurso longo, ao qual devemos prestar muita atenção.

Neste capítulo 16, Jesus fala sobre:

Destes assuntos todos, vou tratar de alguns que me chamaram mais a atenção.

VÍDEO DO ESTUDO DE JOÃO 16

Seremos atendidos em qualquer pedido?

Neste capítulo é importante meditarmos em algo que Jesus vem falando neste discurso da ceia com os discípulos:

“E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.”

João 16:23

Vemos algo muito similar em João 15:7 e 15:16, por exemplo. Comumente as pessoas interpretam estes versículos de maneira que entendam que podem pedir qualquer coisa para Deus e Ele terá que lhes atender. Não é o meu entendimento sobre o que está escrito aqui.

Outras pessoas, tentando melhorar o entendimento acima, dizem que Deus só daria para as pessoas aquilo que fosse necessário. Para isso fazem a analogia do pai que não dá tudo o que o filho pede por saber que algumas coisas poderiam prejudicá-lo.

Talvez eu mesmo já tenha usado esse exemplo e entendido desta forma: podemos pedir tudo, porém Deus nos dará aquilo que precisamos.

Porém, o versículo é claro e, se não nos basearmos num entendimento mais amplo da Palavra, podemos errar:

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.”

João 15:7

Aqui, Jesus não está colocando condições além de estarmos nEle. Porém, é claro que, se estamos verdadeiramente nEle, não pediremos nada que seja apenas para nosso próprio prazer. Tiago nos lembra disso em sua carta:

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.”

Tiago 4:3

Se estamos em Cristo, se permanecemos no Seu amor, pediremos apenas aquilo que está conectado com o desejo de Deus para nossas vidas. Essa é uma linha de entendimento mais completa, conectando diferentes passagens da bíblia para formar um raciocínio.

Porém, ainda assim, ao ler João 15 e 16, me deparei com algo que eu havia deixado passar anteriormente. Note os versos:

“E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra. Disse-vos isto por parábolas; chega, porém, a hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai. Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.”

João 16:23-27 – grifo do autor

Veja como, apesar de falar de pedirmos e sermos atendidos, a ênfase de Cristo não está nisso, mas sim no relacionamento restaurado entre Deus e a humanidade. Algo que só foi possível com a morte de Cristo na cruz.

Jesus está mostrando que o acesso ao Pai seria direto, que poderíamos pedir diretamente para Ele e sermos atendidos. A ênfase não está no pedir, mas na restauração do relacionamento.

Leremos isso quando fizermos o estudo do livro de Mateus:

“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;”

Mateus 27:50,51

O rasgar do véu do templo é o sinal da restauração do relacionamento entre Deus e a humanidade, sem a necessidade da intermediação do sumo sacerdote.

Novamente, entendemos que podemos pedir qualquer coisa pois isso nos agrada. Porém, Jesus está falando sobre relacionamento com Deus, não sobre outras coisas.

Aqui a reflexão que fica é: o que o relacionamento restaurado com Deus deve mudar na minha vida?

O versículo mais famoso de João 16

Certamente o versículo mais famoso deste capítulo é o versículo 33, onde lemos o seguinte:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

João 16:33

Devemos nos lembrar de que Cristo venceu o mundo e isso deve nos animar ao passarmos por aflições. Um entendimento muito comum entre os cristãos, incorreto em minha opinião, é o de que viveremos uma vida só de vitórias.

Jesus está dizendo claramente aos seus discípulos ali: “As pessoas vão querer matar vocês. Vocês serão perseguidos, odiados, maltratados. Tudo isso vai acontecer mas não deve abalar vocês. Tenham esperança pois eu venci o mundo.”.

Como, hoje em dia no Brasil, não somos perseguidos a ponto de tentarem nos matar por conta de nossa fé, muitas vezes olhamos para este texto de uma maneira a tentar abrandá-lo, adaptando-o ao nosso contexto. Porém, a realidade é que muitas pessoas ao redor do mundo ainda passam pelas mesmas coisas.

No nosso caso, apesar de não sermos perseguidos desta maneira, ainda passamos por muitas afliçoẽs por amor a Cristo. A nossa escolha diária por Cristo não será sem dificuldades, não será uma vida só de vitórias e alegrias. Será também uma vida de lutas, de algumas derrotas, mas da certeza do que mais importa: a vitória final.

Sabermos que Cristo venceu o mundo não tira de nossas vidas terrenas as dificuldades, mas nos dá a certeza do triunfo eterno. Isso é o que realmente importa.

Paz.

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