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Estudo do Evangelho de João 5

No capítulo 5 do Evangelho de João temos dois eventos principais:

VÍDEO DO ESTUDO DE JOÃO 5

Neste capítulo temos o terceiro sinal de Cristo e ainda estamos na parte do livro que é mais comumente chamada de “livro dos sinais”, que compreende os capítulos 1 a 12.

A cura do paralítico

“E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado.”

João 5:6-9

Temos vários pontos interessantes nessa passagem da cura do paralítico. Vou tentar passar por cada um dos pontos que se destacam.

O tanque de Betesda

A Palavra nos diz que havia esse tanque onde, de tempos em tempos, um anjo descia, agitava as águas e, a primeira pessoa que entrasse, era curada.

As ruínas do local físico ainda existem, o que comprova a existência de um lugar como esse. Porém, existe alguma discussão se realmente as pessoas eram curadas, de suas enfermidades ao entrar no tanque, ou se isso era uma crença da época.

Na minha opinião não temos como ter certeza e isso também não interfere no entendimento da mensagem principal, daquilo que realmente pode mudar nossas vidas ao ler este capítulo.

Prender-se a esse tipo de discussão: se as pessoas eram ou não curadas no tanque, parece apenas nos fazer perder o foco daquilo que é o principal do capítulo.

O encontro com Jesus

O primeiro ponto que nos chama a atenção nesta pessoa que é apresentada é que ela estava há 38 anos enferma daquela paralisia.

Do meu ponto de vista essa pessoa, apesar de paralítica, não morava ali, ela deveria ter algum local de residência e, frequentemente, estava ali para esperar as águas serem agitadas.

A pergunta de Jesus para esse homem é: “Queres ficar são?”. É uma pergunta que pode até parecer sem sentido para alguns, considerando que a pessoa estava ali, esperando as águas serem agitadas.

A resposta do homem chama ainda mais atenção: “Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.”.

Essa resposta demonstra que sim, ele queria ser curado, mas encontrava a dificuldade de não conseguir entrar no tanque, pois alguém sempre passava à sua frente.

Aparentemente este era um homem já sem esperanças: há 38 anos enfermo, vendo a única chance que tinha de ser curado lhe ser tirada por outras pessoas. Um homem, provavelmente, marginalizado pela sociedade, sem pessoas próximas que devidamente cuidassem dele. Aparentemente um, como tantos hoje em dia, para os quais nós fechamos os olhos.

Não é de impressionar que eu diga que nós, cristãos, fechamos os olhos para muitas pessoas que hoje são marginalizadas. Os religiosos da época de Jesus fizeram isso com esse homem e com muitos outros. Religiosos fervorosos, que davam os seus dízimos, que estavam nos templos, faziam as orações, jejuavam, ensinavam a Palavra.

Este homem representa fielmente muitos que hoje em dia estão na mesma situação.

Porém, diferentemente do que muitos de nós fazemos, diferentemente do que os fervorosos religiosos da época fizeram, Jesus parou ao lado desse homem para conversar. Aquele que as pessoas desconsideravam, uma pessoa da qual muitos desviavam o olhar, foi vista pelo Salvador.

Como o mundo seria diferente se nós fizéssemos, frequentemente, a mesma coisa que Jesus fez. O número de cristãos que pode fazer isso é muito maior do que o número de pessoas em situação de necessidade. A conta não é difícil.

Logo, o primeiro apelo que tenho aqui neste capítulo do evangelho de João é este: como temos olhado para as pessoas que são marginalizadas? Temos encarado essas pessoas como Jesus as encarou ou temos feito como os fariseus da época?

A cura – o terceiro sinal

A cura deste homem paralítico é o terceiro sinal relatado no evangelho de João. Nele Jesus demonstra poder sobre a enfermidade, independente do tempo em que ela exista. Alguns acreditam que este é o sinal da graça, uma vez que o homem apenas estava ali e, sem nem mesmo procurar por Cristo, foi encontrado e curado.

Tomar o leito

“Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado.”

João 5:8,9

Vemos então que Jesus não apenas cura, mas pede que aquele homem levasse o leito dele para outro lugar.

Cristo não faz isso, na minha opinião, apenas para organizar o tanque de Betesda, ou para que o local ficasse limpo. Ele conhecia o coração dos judeus próximos e sabia que isso os escandalizaria, que isso revelaria o coração deles. Segue o texto dizendo:

“Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda?”

João 5:10-12

Note que eles não estavam preocupados em saber como o homem havia sido curado, não lhes importava que aquele homem, enfermo há 38 anos, estava livre da paralisia. A lei era mais importante que a pessoa.

A mesma coisa ainda acontece conosco hoje em dia. Muitos de nós consideramos o rito como mais importante que o ser. Aplicamos isso tanto para as pessoas quanto para o Senhor. Para muitos de nós é mais importante cumprir os rituais que temos do que ter relacionamento com o Deus da salvação. É mais importante termos a aparência de cristão do que o amor ao próximo que transforma as pessoas.

Não peques mais

Após o reencontro dos dois, Jesus pede que aquele homem não pecasse mais, para que não voltasse algo pior a acontecer em sua vida.

“E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão. Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.”

João 5:13,14

O apelo de Cristo para todos que têm um encontro com Ele é o mesmo: mude de vida, abandone tudo e caminhe comigo. Para aquele homem era necessário não pecar mais, nascer de novo.

Cristo não estava ameaçando aquele homem com a maldição, estava apenas pedindo o que pediu à maioria das pessoas com quem se encontrou: mude de vida. Vemos Jesus falando a mesma coisa para a mulher pega em adultério: “vai-te, e não peques mais”, em João 8:11.

Nós ouvimos a mesma coisa e devemos atender. Precisamos remover o pecado de nossas vidas, não pelo medo de nos acontecer algo de ruim, mas por honra e temor do Senhor que nos comprou com o Seu sangue. Pois já fomos lavados e estamos livres do poder que o pecado exercia em nossas vidas.

Claro que, até mesmo baseando-nos nessa passagem, sabemos que o pecado traz consigo outros males. Este também é um motivo para não pecarmos, para que não nos suceda coisa pior do que as que aconteceram antes. Só temos que tomar cuidado para que esse não seja o principal motivo que nos leve a não pecar.

O discurso de Jesus

“E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado. E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.”

João 5:15-17

Os judeus, preocupados apenas em cumprir a lei externa, procuravam matar Jesus por ter curado uma pessoa num sábado, o dia do descanso. A resposta de Jesus choca ainda mais quando Ele diz: “meu pai está trabalhando, se Ele está trabalhando, eu trabalho também”.

Esta resposta, por diversos motivos, acendeu a fúria daqueles judeus, pois Jesus estava dizendo que o Pai estava trabalhando no dia do descanso sagrado. Além disso, também chocava pois Jesus estava dizendo que era filho de Deus:

“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.”

João 5:18

O discurso segue e Jesus afirma:

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.”

João 5:24

Jesus está dizendo para que todas as pessoas ouvissem que nele estava a vida eterna e a salvação. Elas não estavam nas obras, nos rituais ou na lei. A salvação estava em que ouvissem a voz do Senhor e cressem que Ele é o Cristo, o Messias que havia de vir ao mundo.

Aqui Jesus estava acabando com a ideia da salvação pelas obras, afirmando que é a fé que traz salvação gratuita.

Não somos salvos por aquilo que fazemos, pelas boas obras, por ajudar os necessitados, por dar o nosso dízimo ou fazer algum tipo de obra na igreja. Somos salvos pois Cristo pagou o preço dos nossos pecados.

As boas obras não trazem salvação, mas a salvação traz boas obras. Esse relacionamento precisa ser muito bem entendido por nós pois podemos cair facilmente em dois extremos:

  1. Acreditar que as nossas obras vão garantir a nossa salvação
  2. Acreditar que, já que a salvação é pela graça, não precisamos de obras

As duas afirmações são incorretas e podemos ver isso diversas vezes ao longo da Palavra. Jesus, nesta passagem, deixa claro que a salvação não é pelas obras. Mas vemos também Tiago sendo muito enfático nisso:

“Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”

Tiago 2:18

O que Tiago quer dizer está totalmente relacionado com João 5. Os judeus criam que eram pessoas de fé, mas passavam pelos necessitados sem lhes estender a mão. Eles acreditavam ter a fé, mas falhavam nas obras, logo, a falta de fé era evidenciada.

A nossa fé em Cristo, a fé salvadora, não depende de obras mas produz em nós, inevitavelmente, as boas obras.

Quais são as evidências da sua fé?

O discurso completo

Claro que o discurso de Cristo contém muito mais elementos extremamente importantes para a nossa avaliação e estudo. Porém, para que este estudo não fique muito mais longo do que já está, acredito que podemos parar por aqui e meditar profundamente em tudo o que foi discutido.

Caso você sinta falta de algum ponto importante ou tenha alguma dúvida, deixe o seu comentário.

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