[mks_dropcap style=”rounded” size=”52″ bg_color=”#dd3333″ txt_color=”#ffffff”]C[/mks_dropcap]erta feita cansou-se Deus de sua rotina. Resolveu que era hora de dar um tempo, de descansar um pouco. Estava desanimado e não queria mais as suas obrigações diárias.
Naquele dia o sol não nasceu, e a noite tomou toda a Terra. Não era um eclipse como se noticiava e nem um fenômeno astronômico de alinhamento de planetas. Era o desânimo de Deus.
E foi-se a primeira hora.
De repente, ao mesmo tempo, todos os pássaros caíram no chão e morreram. A queda de muitos deles atingiu diversas pessoas, matando alguns e deixando centenas de milhares de feridos. Os hospitais se encheram naquela noite sem fim.
Era a segunda hora.
O peixes e animais do mar boiaram, todos mortos. As praias, escuras, carentes do sol, receberam boa parte destes animais mortos. Era impossível andar na areia. Aqueles que, durante a manhã esquecida, encontravam-se em barcos, ilhas ou no mar, morreram. Alguns de espanto, outros por terem a embarcação virada e outros por terem sido sufocados entre os peixes mortos.
Findou-se a terceira hora.
O temor invadiu toda a terra na velocidade da informação. Governos se reuniram rapidamente em conferências internacionais e assessores de imprensa começaram a tentar acalmar a população.
As ervas do campo, as árvores e toda flora desfaleceu. As folhas murcharam e os frutos, podres, caíram. Em todo o mundo o mesmo fenômeno.
A quarta hora havia acabado.
Os rios, mares e todas as águas tornaram-se insalubres e escuras. A água do mundo havia acabado. Não se podia mais beber, tomar banho, cozinhar ou lavar.
A quinta hora atemorizou a muitos.
O desespero da população era tal que muitos acreditavam que o apocalipse era chegado. Muitos corriam para as igrejas, templos e sinagogas. Cada um, com sua fé, ou falta dela, apelou para seu deus. Cristãos de todo o mundo ajoelhavam-se e rogavam a Deus pela Sua misericórdia. Ninguém sabia o que, em tão pouco tempo, estava acabando com a vida na terra.
A violência tomou milhões e milhões de pessoas. Inexplicavelmente grandes líderes religiosos, políticos, celebridades e cidadãos comuns romperam num desatino de loucura, matando uns aos outros com o terror que jamais havia se visto. Sangue tomava as ruas, a televisão e vídeos na internet.
A sexta hora foi um banho de horror.
Então Deus resolveu se levantar e olhar para a criação. Era o caos.
Não se espantou. Sabia que aquilo aconteceria se Ele deixasse de, incessantemente, trabalhar por aqueles que O amavam, para os que O ignoravam e para os que O odiavam.
Abriu sua boca e disse: haja luz. O sol se levantou, trazendo luz e esperança para os que sobreviveram. Aos poucos, muito lentamente na visão humana, as coisas foram se restabelecendo.
A sétima hora veio com misericórdia.
Obviamente esta história é impossível de acontecer e trata-se de uma ficção. Porém, resolvi escrevê-la para me perguntar o que aconteceria se Deus agisse da mesma maneira que nós.
Quantas vezes nós desanimamos, quantas vezes deixamos de orar e nos conformamos com nossa falta de amor? Quantas vezes abrimos mão de fazer o certo, de evangelizar, de falar de Deus pelos mais diversos motivos. E se Deus fizesse o mesmo?
Quantas vezes desanimamos? Quantas vezes Deus teve que nos ver nos entregando à carne, ao invés de buscarmos o Espírito? E se Ele também desanimasse?
Logo Ele, que tudo fez e tudo faz por nós. Ele que se fez homem, se humilhou. Que viveu uma vida santa, que foi, e continua sendo, traído. Ele que nos perdoou e nos perdoa a todo segundo. Ele que vê aqueles que se chamam cristãos, desanimando.
Ele, que derramou seu precioso sangue para obter vitória para nós, os convictos pecadores. Ele, que deu, dá e sempre dará o melhor exemplo.
E somos nós que desanimamos. E nós aceitamos a nossa falta de fé. E nós aceitamos não evangelizar. E nós, mesmo com todos estes erros, achamos que está tudo bem.
Estamos loucos se achamos que esta nossa vida carnal e cheia de pecados vai nos levar à presença de Deus. Perdemos o temor. Perdemos a sanidade. E, se não acordarmos, podemos até mesmo perder a salvação.
“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.” (2 Pedro 2:20)
Paz.