Relendo o livro de Mateus, deparei-me com a passagem que fala sobre o nascimento de Cristo:
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.”
Mateus 1:18-21
Já havia lido essa passagem diversas vezes e o meu foco sempre foi na situação de José: sem nunca ter se deitado com sua esposa, a encontra grávida e pensa em deixá-la para que ela não tivesse uma má reputação. Então vem o anjo do Senhor e explica a situação para José.
Porém, desta vez, o que me chamou a atenção foi a parte final do versículo 21, onde lemos:
“porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.”
Mateus 1:21b
Mesmo antes do nascimento de Cristo, já tínhamos a confirmação de que Ele viria para salvar os pecados do povo de Deus. Ele seria o sacrifício final necessário para que todos os pecados fossem perdoados e o poder do pecado fosse destruído.
Porém, nós, tal qual a multidão, não temos tanto o costume de olhar para Cristo como nosso Senhor e Salvador. Vejamos como a multidão olhava para Cristo:
“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.”
Mateus 16:13-17
A multidão enxergava Cristo como um profeta, como um mestre, como João, mas não como o Cristo! Pedro, que o enxergava de maneira plena, ouviu que aquela verdade fora revelada por Deus diretamente. A multidão enxergava Cristo como alguém que viria para servi-los.
Jesus deixou isso claro algumas vezes: Ele não estava prometendo riquezas, bençãos, milagres ou uma vida de descanso. O escriba percebeu isso muito rapidamente:
“E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”
Mateus 8:19,20
Essa verdade, de que Cristo não oferecia nada além do perdão dos pecados, pode ser contestada quando utilizamos textos como:
“O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.”
João 10:10
Acontece que podemos entender que essa abundância não é uma promessa de dinheiro ou de tranquilidade. A vida abundante que Ele oferece certamente não fala sobre bens:
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.”
Lucas 12:15
A vida que Jesus nos oferece é a liberdade de vivermos para a honra e glória do SENHOR, e não mais para servir ao pecado.
Por fim, o que precisamos entender é somente a Palavra:
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?”
Lucas 9:23-25
Tanto o que está em Lucas 9, quanto o que o apóstolo Paulo nos ensina:
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.”
1 Coríntios 15:19
Então por qual motivo nós seguiríamos a Cristo? Se Ele não nos garante nenhum bem material, se Ele não nos dará uma vida de conforto, por que servi-lo?
Em minha opinião eu apenas concordo com Pedro:
“Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”
João 6:67,68
Pedro sabia que, para ele, não existia outro caminho, não existia outra vida disponível a não ser para servir a Cristo. Mesmo que isso significasse abrir mão de tudo, mesmo que isso significasse correr perigos, não ter onde reclinar a cabeça. Ele sabia que aquela era a única saída.
Eu penso da mesma forma: eu já conheço a alternativa. Eu já sei onde o outro caminho vai dar. Pela graça eu entendi que só existe uma saída para nós: Cristo. É nEle que abrimos mão de tudo e percebemos que nunca tivemos nada. É servindo-o que entendemos que o que pensávamos que tínhamos era apenas morte e dor e que a vida eterna que Ele nos oferece é, sem dúvidas, a única saída que temos.
Por fim, é claro que existem promessas. Certamente Jesus nos abençoa e viveremos o melhor enquanto ainda estamos aqui. O que quero que você reflita é que esse não é o motivo para o seguirmos. Não é por isso que nos chamamos de cristãos. Nos chamamos de cristão porque estamos dispostos a entregar tudo por Ele. Por que entendemos que só Ele é a saída.
Paz.