Escrito por: Ronaldo Bezerra Adhemar de Campos, em seu livro “O que a igreja deve cantar”. Obrigado à leitora Esther que me informou sobre o equívoco.
“… ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.” Mateus 4.10
O culto é importante para Deus? O que temos oferecido a Ele? Deus leva em consideração as coisas que falamos ou fazemos no culto? Ele tem se agradado do que temos oferecido?
De acordo com o texto acima, o culto é para Deus. O momento do culto é o momento da grande celebração ao Senhor. É quando a congregação se reúne para celebrar o milagre da ressurreição de Jesus, da nova vida em Cristo, da comunhão no Espírito e das conquistas espirituais. Para ministrarmos diante do Senhor e da congregação precisamos entender que Deus leva a sério o culto que prestamos a Ele.
Certa vez fui ministrar em uma congregação e, durante o período de louvor, um rapaz se manifestava com trejeitos estranhos e gritava várias vezes “glorificando” a Deus. Quando comecei a ministrar a Palavra não foi diferente, e aquela situação começou a causar incômodo, tirando a minha concentração e também provocando uma dispersão no auditório. Até que em um determinado momento, depois de eu haver orientado a congregação a dar atenção à Palavra, o rapaz ficou sisudo, irritado e levantando-se foi embora. Algumas pessoas também não gostaram da minha orientação em relação àquele momento. Ao término da reunião, o pastor da congregação falou comigo sobre o rapaz dizendo que ele tinha o dom do “sapatinho de fogo” e apenas participava do culto se pudesse se manifestar daquela maneira, caso contrário não ficava.
O interessante é que o apóstolo Paulo quando está disciplinando o uso dos dons espirituais, em 1 Coríntios 14, deixa claro que o espírito do profeta está sujeito ao profeta, e não o profeta sujeito ao espírito, em outras palavras, o profeta tem que ter o controle sobre o dom, precisa saber se comportar no ambiente: um funeral, hospital, cerimônia etc. Se não sabe respeitar o lugar, está fora de ordem, e a Bíblia diz que tudo precisa ser feito com ordem e decência. Infelizmente, há muita meninice praticada no reino de Deus com uma aparência de espiritualidade. Parece que quanto mais esquisito, mais espiritual é.
Vamos esclarecer algumas coisas neste tema, pois precisamos ser mais responsáveis com nossas palavras, nossos atos, nossas músicas, nossos ensinamentos, em fim, com tudo aquilo que se refere ao sagrado e ao culto a Deus.
Duas verdades que precisam estar conosco e fazer parte do nosso dia-a-dia
1- Não devemos tomar o nome de Deus em vão. (Êxodo 20.7)
Podemos brincar com um amigo, ser irreverentes e precipitados com uma pessoa, e depois dizer “Me desculpe, acho que falhei, não leve isso em conta, sim?”. Mas quando tratamos das coisas sagradas temos que ser responsáveis e cuidadosos para não tomar o nome de Deus em vão. Muitos promovem pessoas que Deus não promoveu, ungem pessoas que Ele não ungiu, e fazem isso usando o nome de Deus. Cuidado para não dizer “Deus disse”, quando Ele não falou. Muitos, levianamente dizem: “Deus mandou eu te falar”. O que acontece é que por vezes alguns querem falar certas coisas para uma pessoa, mas não tem coragem. Então colocam o nome de Deus para fortalecer o seu argumento e ganhar “autoridade”, ou seja, se é Deus quem está dizendo quem vai contradizê-lo? Deus não terá por inocente o que tomar seu nome em vão!
2- Deus leva o culto a sério. (Eclesiastes 5.1-5)
Deus não brinca com o que se pratica em ambientes religiosos. Quando estamos cultuando a Deus, Ele considera as palavras que declaramos. Muitos dizem: “Enquanto orava, minha cabeça estava longe, acho que Deus nem considerou”, ou ainda, “Estava cantando e acho que Deus nem considerou as minhas declarações”. Tudo o que falamos e cantamos Deus avalia. Quando fazemos compromissos com Ele e não cumprimos, Ele também considera.
Por vezes ouvimos em nossas congregações as pessoas dizendo: “Deus está operando maravilhosamente”, “A glória do Senhor está entre nós”, “É nuvem de glória”, “É fogo de Deus caindo”, “Há uma unção apostólica em nosso meio”, mas a minha pergunta é: Será que sabemos o que realmente estamos declarando? Não podemos ser irresponsáveis e precipitados com as nossas palavras e afirmações.
Que elementos devem estar presentes no culto a Deus?
1- Temor de Deus. (Deuteronômio 10.12-13)
A Bíblia diz em Números 23.19 que “Deus não é homem para que minta e nem filho do homem para que se arrependa”. Um dos ensinamentos neste versículo é que não podemos tratar Deus como alguém igual a nós, como “coleguinha” ou menino de recado, ou ainda como nosso serviçal.
Algumas letras de música acabam rebaixando Deus ao nível humano. Muitos cantam ou compõem canções com expressões que por vezes nem sabem o significado, e em alguns casos utilizam frases com duplo sentido como: “quando Deus penetrou em mim eu fiquei feliz”, “quero ter um romance contigo” etc. É bem verdade que Deus deseja se relacionar conosco, Ele deseja ser nosso amigo, mas cabe a nós tratá-lo com temor: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome.” (Salmo 29.2). Devemos tomar cuidado para que, em nome da “intimidade”, não percamos o respeito e o temor a Deus. É verdade que Ele é nosso melhor amigo, mas jamais podemos esquecer que Ele continua sendo o nosso Deus e Pai!
Alguns ministros falam a Deus com arrogância. Muitos, através de suas canções ou pregações, acabam por ensinar as pessoas “a colocar Deus num canto da parede”, ou “a reivindicar os seus diretos”. É prepotência satânica um ser humano achar que pode fazer isso com Deus! Estes, que agem assim, pensam que Deus é um fraco, pois se acham cheios de “autoridade” e podem enquadrar Deus vindo pegar o que pensam ser de direito deles. E ai de Deus se não der o que exigem! Isto se chama soberba!
O que significa temor de Deus? É lembrar que Ele é santo e está nos céus, e nós somos pecadores aqui na terra. Só nos resta permanecer humilhados em Sua presença. E se formos algum dia bater na porta do Senhor, é para dizer: “Senhor, não me trates segundo o que eu mereço, mas me trate segundo a tua graça e misericórdia”. Que atitude devemos ter então? “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dá-me um coração inteiramente fiel para que eu tenha temor ao teu nome” (Salmo 86.11). Muitos fazem afirmações irresponsáveis com Deus e Sua glória.
2- Integridade e honestidade. (Josué 24.14-16)
Estas são palavras sinônimas. Todo culto tem que partir do pressuposto de que estamos integralmente na presença de Deus com absoluta honestidade.
Deus é luz, por isso não cabe no púlpito meias palavras, conversas tolas, mentiras ou milagres que não aconteceram. Por vezes, quando cantamos, fazemos declarações que não estamos praticando e o pior, não estamos dispostos a praticar. Por isso o apóstolo Paulo declarou: “Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito” (Romanos 15.18). Sempre cantamos: “Estou disposto a morrer por Ti, abro mão dos meus sonhos”, mas no outro dia estamos negando ao Senhor com nossas atitudes egoístas. Outras vezes cantamos: “Eis-me aqui, eu irei Senhor!”, mas na verdade nunca estão lá, pois quando existe algum necessitado não são capazes de estender as mãos para ajudar.
As vezes, em meio à adoração, alguns pastores e ministros criam um ambiente de milagres e os divulgam para parecer mais fantástico do que na verdade foram. Uma dor de cabeça vira uma cura de câncer. Isso é manipulação! Isso é falta de honestidade! Se Deus não curou, não há demérito algum. Não seremos menos abençoados porque Deus não curou, nem nos tornaremos inferiores aos outros porque não recebemos cura. Agora, fazer propaganda falsa com o nome do Senhor é o cúmulo da desonestidade!
3- Verdade. (João 4.23-24)
Muitos ensinam canções que estão na “moda”, mas que não possuem um conteúdo bíblico correto. A igreja perdeu o referencial do que deve cantar e pregar. Devemos avaliar biblicamente o que estamos ensinando e cantando dentro de nossas igrejas. Quando Jesus fala que devemos adorar o Pai em espírito e em verdade, Ele não estava dizendo que deveríamos somente ser verdadeiros, mas que o culto não pode partir das nossas intuições, e sim a partir da revelação. Em verdade, porque está alinhado com a Palavra de Deus que é a verdade.
Como podemos honrar a Deus no culto? Observando os princípios da Sua Palavra. Nem preferências pessoais, nem tendências culturais podem ser o nosso guia. As nossas músicas e pregações precisam estar alinhadas com a Palavra de Deus. Não temos direito de inventar “moda”, ou trazer coisas antigas, torcendo a Bíblia para que o culto fique mais interessante.
No Velho Testamento, quando o povo de Israel foi organizar o culto, as ordens quanto às dimensões, número de estacas e utensílios do Tabernáculo foram exatas. Tudo isso foi escrito por Deus para que não houvesse “invencionices”. Vivemos tempos que a cada dia surgem novidades nos cultos. Coisas que nunca imaginávamos começam a surgir nas igrejas. Muitos manipulam o sagrado em nome da propaganda.
Devemos avaliar biblicamente o que estamos pregando e cantando dentro de nossas igrejas. Cantemos cânticos teologicamente corretos. Preguemos a Palavra de Deus!
Que o Senhor nos ajude e que possamos entender que o culto que Ele deseja receber deve ser realizado com temor, integridade e verdade. Que possamos oferecer a Ele um culto racional e inteligente como a Palavra de Deus nos ensina: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1).
Deus abençoe!
Texto recebido por e-mail através da newsletter do blog do Ronaldo Bezerra.