Tenho falado nestas últimas semanas sobre este texto:
“… vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito. E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.” (Lucas 5:8-11)
Existe algo ainda nessa passagem que devemos absorver muito sinceramente se quisermos aprender mais sobre sermos discípulos. Note como Pedro, ao ver o milagre da pesca que haviam acabado de fazer, é tomado de temor.
De onde veio esse temor? De saber que estava diante de um milagre de Deus e que ele era um homem pecador. Então ele pede que Jesus se afaste mas, antes disso, ele ainda faz algo muito importante. Vejamos a sequência dos fatos:
“Senhor”: Pedro reconhece Jesus como kurios, uma forma de autoridade, de alguém que tinha o senhorio sobre outra pessoa. Uma outra tradução para essa Palavra é “Messias”, ou seja, Pedro estava minimamente chamando Jesus de Senhor, talvez até já reconhecendo-o como o Messias.
“ausenta-te de mim, que sou um homem pecador”: com esta frase podemos entender o que Pedro quis dizer com Kurios: ele sabia que estava diante do Messias, do Santo enviado por Deus para reinar. Sendo assim, estando diante de um Deus Santo, temia ser consumido por conta de seu pecado.
“Pois que o espanto se apoderara dele”: a presença santa de Cristo fez com que Pedro temesse, provavelmente pelo contexto, por sua vida. Quando foi a última vez que a presença de Cristo nos encheu de temor por sermos pessoas pecadoras? Fique com essa reflexão por enquanto.
“e de todos os que com ele estavam”: a Palavra diz ainda que todos temeram. O que vejo de interessante aqui é que apenas Pedro pede que Cristo se afaste, reconhecendo o seu pecado. Quando Cristo vem até nós, nós podemos reconhecer nossos pecados, ou simplesmente ignorar tudo isso, parando no espanto de Sua maravilhosa presença. Isso me lembra muito daqueles momentos onde sabemos que o Senhor está presente, aproveitamos da sua presença, oramos, choramos, nos entregamos naquele momento, mas aquilo não gera arrependimento. Se entramos na presença do SENHOR sem reconhecermos quem realmente somos, corremos o risco de sermos como as outras pessoas, que viram o milagre, temeram a presença de Deus, mas não tiveram suas vidas mudadas. O verdadeiro discípulo de Cristo reconhece a Sua presença e se rende, admitindo quem realmente é.
“E disse Jesus a Simão”: note que, mesmo que existissem mais pessoas ali, mesmo que outras pessoas tenham sido tomadas de temor, Jesus fala apenas com Simão. Pedro foi o único que, entendendo a situação, reconheceu ser pecador. Com isso Jesus olha para ele e diz:
“Não temas”: Jesus reconhece o coração do discípulo e o conforta. Podemos pensar que somos discípulos de Cristo por fazermos o que Ele nos pede, por obedecermos ao nosso pastor, líder, ou honrar alguma posição na igreja. Somos discípulos quando, além disso, entendemos quem somos, reconhecemos e honramos a presença do mestre.
“de agora em diante serás pescador de homens”: a atitude o discípulo o leva a receber uma Palavra do mestre. Aprendo aqui que, quando o discípulo reconhece e honra o mestre, recebe a promessa, recebe a benção que flui através da relação entre Senhor e servo.
“E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.”: Note aqui que outras pessoas seguiram Jesus, inclusive Tiago e João, que se tornariam apóstolos mais tarde, mas apenas um deles recebeu aquela promessa, o discípulo que reconheceu quem era.
Como discípulos de Cristo precisamos, antes de mais nada, reconhecer que somos pecadores, nos abrir para o mestre. E isso nos leva à resposta para a seguinte pergunta:
Quem pode ser discípulo de Cristo?
Todos nós podemos. Não importa o nosso passado, não importa o que fizemos ou quem fomos até o momento em que nos encontramos com Cristo. O que importa é que reconheçamos que somos pecadores e que, dali em diante, somos do Senhor. A nossa velha natureza morre e renascemos com Jesus.
Paz.
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