“Era, então, Jefté, o gileadita, homem valente, porém filho de uma prostituta; Gileade gerara a Jefté.” (Juízes 11:1)
Ele entra pela porta da igreja e os diáconos o olham, levemente estarrecidos a ponto de perderem aqueles segundos preciosos necessários para lhe dar um “Boa noite irmão”.
Bem vestido, com uma camisa branca e uma calça jeans skinny, cinto e sapatos pretos, o cabelo arrumado cuidadosamente e o perfume no ponto correto para não ser percebido de maneira carregada.
Ele senta-se na penúltima fileira da igreja, levemente constrangido pelos olhares que o seguem e os comentários que acreditam passar desapercebidos, mas que obviamente podem ser ouvidos.
Alguns minutos depois a igreja não está lotada, mas fica visível que os lugares ao seu lado ficam vazios propositalmente. Ninguém queria sentar-se com ele.
A mensagem pregada era simples, preparada para que qualquer audiência pudesse entendê-la. O pastor falava sobre um homem que havia sido rejeitado por muitos, mas que amou a todos até o fim. Ele entendeu o que o pastor quis dizer e em seu coração algo acontecia.
O grupo de músicos tocava algo bem suave enquanto o pastor falava sobre entregar a vida para Jesus. Algumas pessoas haviam levantado a mão e ido à frente da igreja para fazer algo que ele ainda não entendia muito bem mas sentia que precisava fazer.
O pastor insiste mais uma vez, dizendo que todos os que quisessem entregar suas vidas para Cristo poderiam ir para a frente da igreja. Ele inclina seu corpo para frente num impulso de caminhar até o pastor, mas lembra-se dos olhares que seguiram sua entrada nada triunfal.
Os segundos posteriores foram recheados de diversos pensamentos. Será que eles se lembravam de tê-lo visto em algum lugar? Só poderia ser isso, só isso explicaria aqueles olhares. Mas este Jesus, que amou a todos até o fim, iria importar-se naquele momento com sua preferência sexual? Será que tudo o que foi dito por este pastor hoje, ainda é praticado? Se é, por qual motivo ele recebera tanta reprovação ao entrar? Por que ninguém foi falar com ele? Por que só ele não ouviu um “Boa noite irmão”? Por que não lhe disseram “A paz do Senhor” quando ele entrou como fizeram por outros? Ele não era digno desta paz?
Eram tantas dúvidas, tão pouco tempo para tomar uma decisão…
Mas ele resolveu. Saiu de sua fileira, encarou aquele corredor e, decidido, foi embora da igreja. Antes de sair, com humildade, falou para as pessoas que estavam na porta: “A paz do Senhor”.
Por qual motivo nos julgamos melhores que os outros? Não somos todos doentes que precisam da cura?
Hoje, mostre o amor de Cristo para uma pessoa, independentemente dos caminhos que ela escolheu trilhar.
Paz.